O conflito entre Argentina e Uruguai em torno da instalação de uma fábrica de celulose na fronteira comum chegou a fazer mal à imagem internacional do Mercosul, disse na quinta-feira (23/08) no Brasil o chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano. Após uma reunião com seu colega brasileiro Celso Amorim, Gargano disse também que Montevidéu não manterá mais correspondências com a Argentina sobre a questão relativa à construção da fábrica da empresa finlandesa Botnia na margem esquerda do rio Uruguai.
"Naturalmente, para a imagem política do que é o Mercosul, uma discordância que se apresente nos termos que se apresentou até agora é nociva, não faz bem ao Mercosul", disse Gargano a jornalistas, acrescentando que informou o chanceler brasileiro sobre o andamento do conflito. "Para não avançar nesta perda de imagem do Mercosul, não vamos recorrer a mais contatos epistolares sobre esta discordância", acrescentou.
Além de Argentina e Uruguai, o Mercosul é formado também por Brasil e Paraguai, e a Venezuela está em processo de adesão. O Uruguai ocupa a presidência rotativa do bloco até o fim do ano. O Uruguai defende o projeto da Botnia, um investimento de cerca de 1 bilhão de dólares, enquanto o governo argentino compartilha com ambientalistas os temores de que haja poluição no rio binacional. Ativistas há meses bloqueiam rotas de acesso ao Uruguai para protestar contra o projeto.
(Por Guido Nejamkis,
REUTERS, 23/08/2007)