O aquecimento global reduzirá em até 10% a colheita chinesa de cereais até 2030, quando o país terá 1,5 bilhão de habitantes, advertiu a Administração Estatal Meteorológica, principal órgão do setor na China. A queda obrigará o esgotado solo chinês --atingido pela desertificação e pelo crescimento urbano-- a produzir cerca de 100 milhões de toneladas extras de cereais para alimentar a população, disse Zheng Guoguang, diretor da Administração Estatal Meteorológica.
"O aquecimento global reduzirá o período de crescimento de alguns cereais e suas sementes não terão tempo suficiente para amadurecer", explicou Zheng na região autônoma da Mongólia Interior (ao norte), uma das áreas mais afetadas pela desertificação.
Na China, que em 2004 se transformou em importador líquido de alimentos, somente 13% do solo é cultivável. O governo afirmou que, em 2010, os cultivos não devem ocupar menos de 12 milhões de hectares. No entanto, o limite está perto de ser atingido, segundo o jornal "China Daily".
De acordo com Zheng, o aquecimento global também trará ao país "novos enxames de insetos", para os quais será mais fácil sobreviver no inverno, devido ao aumento das temperaturas. Como conseqüência, será necessário usar mais pesticidas.
O aumento da temperatura ainda vai acelerar a evaporação de água subterrânea em 7%, o que também afetará a produção de cereais. Para enfrentar esse quadro pessimista, especialistas ouvidos pelo jornal sugerem continuar realizando pesquisas em biotecnologia agrícola, área na qual a China realiza atualmente experimentos com arroz híbrido e transgênicos.
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Efe, 23/08/2007)