Os estudos para criação do Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz e da Área de Preservação Ambiental (APA) Costa das Algas serão mantidos. A garantia é da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que recebeu nesta quarta-feira (22) a bancada federal do Estado. A ministra assegurou que responderá ponto por ponto os questionamentos dos parlamentares capixabas.
A posição da ministra foi divulgada pelo site da deputada federal Iriny Lopes (PT-ES). A ministra assegurou ainda que também responderá a todos os itens questionados pela ONG Espírito Santo em Ação. Os parlamentares e os empresários levantaram informações apontadas como mentirosas para questionar a criação das unidades de conservação.
Iriny Lopes é voz discordante em relação à criação do Revis de Santa Cruz e da APA Costa das Algas. Ela argumentou que se colocou contraria à indicação da bancada por que "será uma porta aberta para a deterioração do meio ambiente, facilitando a exploração da reserva de calcário em Santa Cruz. A posição da ministra reflete essa preocupação com os recursos naturais".
Já listados contrários à defesa do litoral capixaba por serem contra o Revis e a APA os deputados Neucimar Fraga (PR), Rita Camata (PMDB), Camilo Cola (PMDB), Jurandy Loureiro (PTB), Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), Lelo Coimbra (PMDB). E ainda os senadores Gerson Camata (PMDB) e Renato Casagrande (PSB).
Os parlamentares e os empresários não estão sós: o próprio governador Paulo Hartung, além dos prefeitos Ademar Devens, de Aracruz, e Guerino Balestrassi (PSB), prefeito de Colatina e presidente da associação dos prefeitos, a Amunes, entre outros, estão nesta campanha contra o litoral do Espírito Santo.
A defesa da criação das unidades de conservação foi feita junto à ministra Marina Silva e até ao presidente Lula. No mês passado, as 23 entidades proponentes da criação de unidade de proteção na região encaminharam mensagens às autoridades defendendo as unidades de conservação do governo do Estado, dos parlamentares e empresários.
Lembraram ao presidente Lula que a criação das unidades "representa um passo decisivo rumo ao desenvolvimento sustentável. Afinal, serão criadas as primeiras áreas federais marinhas no estado do Espírito Santo, um feito memorável do governo Lula que homenageará o saudoso Augusto Ruschi e desfará o erro histórico da falta de atenção ao meio ambiente no mar capixaba e ao povo que dele vive".
Afirmaram também que "depois de prontos os estudos e concluída a tramitação do processo com acatamento técnico e jurídico no Ibama e no Ministério do Meio Ambiente, vemos agora algumas empresas privadas, através da 'ONG' Movimento Empresarial Espírito Santo em Ação, pressionar executivos locais, o governador de Estado, o Ministério do Meio Ambiente, a Casa Civil, a Secretaria das Relações Institucionais e outros setores do governo e do Legislativo para tentar vazar a criação das áreas protegidas de Santa Cruz e impedir a implantação de uma política consistente de meio ambiente para o mar no Espírito Santo".
Denuncia que o Movimento Empresarial Espírito Santo em Ação" forja argumentos infundados e protelatórios tais como a alegação de que haverá impactos aos negócios futuros, que destruirá a pesca, e até prejuízos à área agricultável. Tais alegações de todo se configuram desprovidos de razão frente aos cuidados técnicos e jurídicos conferidos ao projeto das Unidades de Conservação de Santa Cruz".
E, entre pontos, que "dessa forma, negando-se à responsabilidade socioambiental que deve nortear os grupos empresariais modernos, este lobby visa também favorecer a mineração de calcário do fundo marinho local, o que induzirá a um colapso total e irreversível da pesca e da biodiversidade dos manguezais e do mar a curto prazo".
Depois de apresentar outros argumentos sobre a necessidade de criar o Revis de Santa Cruz e a APA Costa as Algas, as entidades finalizam no apelo ao presidente da República: "Afinal, as áreas protegidas no mar do Espírito Santo beneficiarão as gerações do presente e do futuro e conservarão os dons que Deus reservou ao Brasil!".
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 24/08/2007)