ONGs apresentam projetos e debatem educação ambiental em seminário na capital gaúcha
cidades sustentáveis
2007-08-24
A troca de experiências entre professores e ativistas que trabalham pela disseminação da educação ambiental esteve entre os principais assuntos do Seminário de Educação Ambiental – Conexões em Rede, que começou na terça-feira (21/08) e termina hoje (24/08) em Porto Alegre. Profissionais que atuam nas escolas da rede municipal, pesquisadores e organizações não-governamentais falaram sobre o trabalho que vêm desempenhando para estimular a valorização do meio ambiente.
Promovido pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) e pelo Comitê Gestor de Educação Ambiental de Porto Alegre, o encontro reuniu mais de cem participantes no Memorial do Rio Grande do Sul, no Centro da cidade. Houve palestras, relatos de educadores e uma exposição de banners confeccionados por alunos de 18 instituições de ensino sobre a temática ambiental.
De acordo com assessora de Educação Ambiental da Smed, Teresinha Sá Oliveira, que coordenou o evento, a maioria das 92 escolas do município desenvolvem ações educativas relacionadas à conservação do meio natural. Até o final deste ano, a meta da secretaria é que todas tenham uma Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vidas), cujo objetivo é promover a educação ambiental na instituição e na comunidade.
A programação do evento na tarde de quarta-feira (22/08) contou com a apresentação de tentativas de preservação em nível local e nacional. Sobre a realidade do município de Porto Alegre, falaram integrantes da ong Ingá (Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais). Da preservação em âmbito nacional, o Greenpeace – que atua há 15 anos no Brasil – explicou o seu trabalho e mostrou o projeto “Cidade amiga da Amazônia”.
Biodiversidade local
No evento, a ong tratou das perturbações que a biodiversidade sofre com a ação do homem, das monoculturas e do uso de agrotóxicos, combate ao deserto verde, bacias hidrográficas, morros de Porto Alegre (muitos deles ameaçados por loteamentos e ocupações irregulares), urbanização da Zona Sul e caminhos para a conservação (como o Movimento em Defesa da Zona Sul e o projeto Macacos Urbanos, que objetiva proteger o bugio ruivo).
No que diz respeito a ações educativas, o instituto mantém desde o ano passado o programa Camboim de Educação Ambiental, orientado pela tríade "vida – aprendizado – responsabilidade", e que pretende formar multiplicadores para promover ações de educação para o meio ambiente. O nome do projeto tem significado importante para os seus idealizadores. Da família das myrtaceae, o camboim é uma arvore comum nos campos e matas de Porto Alegre. Tem o tronco fino e retorcido, mas muito duro e forte, remetendo à idéia do crescimento lento, mas permanente. A principal intenção do programa é sensibilizar os educadores e criar multiplicadores de conhecimento.
No bairro Restinga, na Zona Sul da Capital, por exemplo, começa a ser elaborado um trabalho desenvolvido junto a uma parte da população local, a fim de tornar conhecida e estimular a valorização da biodiversidade lá existente. Desde julho, de 15 em 15 dias um grupo vai até o bairro. Até agora foi realizado um levantamento botânico de determinada área para descobrir quais espécies podem chamar a atenção dos moradores. O trabalho com a população deve começar em outubro. “As pessoas acham que natureza é a Amazônia, a mata atlântica, então elas olham para o campo e não reconhecem a biodiversidade que existe ali, que está no quintal de casa”, explica Virginia Talbot, vice-coordenadora do instituto e integrante do programa Camboim. Ela considera de extrema importância que as pessoas aprendam a reconhecer a riqueza da biodiversidade que está próxima.
Amigos da Amazônia
A participação do Greenpeace no seminário ocorreu por meio da apresentação da campanha Cidade Amiga da Amazônia e da exibição de um vídeo chamado "Vozes da Floresta", com depoimentos de ribeirinhos e pessoas que vivem na região, acerca do desmatamento. O objetivo da campanha, que existe há dois anos, é criar uma legislação municipal que elimine a madeira de origem ilegal e de desmatamentos criminosos de todas as compras municipais. A intenção é abrir espaço para a comercialização da madeira produzida de forma sustentável na Amazônia. Segundo Tânia, as prefeituras acabam adquirindo madeira para obras de procedência ilegal muitas vezes por desconhecimento. "As pessoas pagam impostos e estão financiando a destruição da Amazônia", ressalta. A responsável pelo Cidade Amiga da Amazônia no RS, Tânia Pires, sugeriu que os alunos das escolas municipais elaborem cartazes para sensibilizar o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, a aderir ao programa. O termo de compromisso para adesão já foi assinado pelo por ele, mas ainda é necessária a assinatura de um decreto.
Encerramento
Hoje (24/08) haverá apresentação teatral sobre a dengue para encerrar o seminário e a divulgação de uma carta coletiva elaborada pelos participantes com idéias e ações para uma sociedade sustentável. O documento será entregue a autoridades locais.
(Por Débora Cruz, Ambiente JÁ, 24/08/2007)