As comunidades quilombolas de Pedro Cubas, Batatal, Sapatu, André Lopes, Ivaporunduva, Nhunguara 1 e 2, André Lopes, Porto Velho, São Pedro, Galvão e Mandira, que participam do Projeto de Conservação, Recuperação e Uso sustentável do Palmito Juçara, no Vale do Ribeira, utilizaram 6 toneladas de sementes em mutirões de repovoamento no primeiro semestre de 2007
Para os repovoamentos realizados no primeiro semestre de 2007, cada comunidade utilizou em média 500 Kg de sementes, que foram manipuladas por seus moradores. Alguns contaram com a ajuda de animais de carga (burros e mulas) para levar as sementes para dentro das florestas e fazer a semeadura a lanço.
Um balanço realizado sobre os mutirões de 2006 revelou bons resultados nas áreas repovoadas por semeadura a lanço, principalmente em comunidades nas quais a palmeira não mais existia, caso da Comunidade de Porto Velho. Durante a semeadura deste ano, foram notados nesta comunidade alguns bancos de plântulas, formados pelas sementes lançadas no ano passado.
Aqueles que anos atrás plantaram ou preservaram a espécie em seus quintais, hoje, estão colhendo, vendendo e ajudando a dispersar mais sementes nas áreas de florestas próximas. E os quintais vêm sendo visitados por diferentes espécies de aves e mamíferos, que se alimentam dos frutos de Juçara.
Um dos objetivos do projeto é que as próprias comunidades sustentem a demanda de sementes para os repovoamentos. Este ano, a maioria das sementes utilizadas foram compradas das próprias comunidades que possuem Juçara nos quintais. Trinta produtores de sete comunidades participaram da venda de sementes, que ganharam em média R$ 500,00 cada um. A colheita dos cachos da palmeira para a venda é uma atividade que pode envolver toda família, já que é feita em várias etapas: o corte, amortecimento da queda, derriça das sementes (retirada dos cachos), ensaque e armazenamento.
ExperiênciaO projeto comprou uma despolpadeira de Açaí para experimentação, despolpa e degustação da polpa de Juçara nas comunidades. Parecida com a do Açaí tanto visualmente quanto no sabor, pesquisas sobre seus aspectos nutricionais informam que tem mais potássio, ferro e zinco que o Açaí.
As áreas repovoadas pelo projeto serão demarcadas, mapeadas e plaqueadas para registro e planejamento de futuro manejo e conscientização das pessoas que freqüentam os locais onde a espécie está sendo recuperada. A meta do programa realizar mutirões anuais e a idéia é, no futuro, manejar os possíveis produtos da palmeira, palmito, sementes e polpa como alternativas de geração de renda sustentáveis para essas comunidades.
(Por Renata Moreira Barroso, ISA /
Envolverde, 21/08/2007)