Floração de algas nocivas na região pode ser a principal causa

A mortandade de peixes no Rio Itajaí-Açu, na localidade de Saco da Fazenda, em Itajaí, está preocupando os órgãos ambientais. As causas não foram detectadas, mas a Fundação do Meio Ambiente de Itajaí (Famai) trabalha com a hipótese de agentes patogênicos, como a floração de algas nocivas na região.

Na segunda-feira foram coletadas amostras de água do rio para análise, mas os resultados ainda não foram confirmados. Segundo Luís Antônio de Oliveira Proença, coordenador do Laboratório de Algas Nocivas, do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da Univali, serão necessárias novas análises para chegar a uma conclusão.

- É muito difícil descobrir o que causa a mortandade de peixes. Amanhã (hoje) vamos coletar novas amostras para análises mais profundas. Acredito que precisaremos da avaliação de outros especialistas, pois não temos confirmação - disse.

O superintendente da Famai, Fabrício da Silva, explicou que no local onde os peixes estão morrendo há mais sete entradas de efluentes, o que compromete o ambiente.

- Não descartamos as questões ambientais, mas os peixes estão com comportamento diferente e apresentam manchas no corpo e escamação, o que nos leva a crer que o fenômeno da maré vermelha pode ter atingido as águas do rio ou até que a água esteja contaminada por pesticida.

Além da água, hoje também será feita a coleta de peixes mortos para que as manchas e escamação na pela sejam analisadas.

Mais de cem espécies podem provocar a maré vermelha

O fenômeno da maré vermelha pode ser causado por mais de cem espécies de algas. Algumas são tóxicas, outras não. A toxicidade das algas são distintas: algumas são nocivas à saúde humana e outras ao ambiente. No Litoral Centro-Norte foram detectadas duas algas que ocasionam o fenômeno: a Dinophysis e a Noctiluca scintillans. A primeira é nociva à saúde humana, e a segunda pode provocar danos ao ambiente.

A Nonctiluca scintillans é uma alga que produz uma luminescência na água, mas quando ela morre o oxigênio da água é consumido, o que pode ocasionar a morte de peixes por asfixia. Até o momento, as análises feitas pelo CTTMar não confirmam que a morte dos peixes estejam sendo causadas pela floração desta água.

A Dinophysis libera toxinas que nutrem os moluscos bivalves (ostra, berbigão, viera e mexilhão), que, se ingeridos, durante a floração da alga, podem causar a intoxicação.
 
(Por Patricia Zomer, Diário Catarinense, 22/08/2007)