O aumento da energia solar durante o verão no hemisfério norte provoca, milhares de anos depois, o aquecimento da Antártica, diz um estudo franco-japonês que será publicado nesta quinta-feira (23/08) pela revista científica britânica Nature. A partir de uma perfuração realizada na base japonesa de Dome Fuji, na Antártica, os pesquisadores de laboratórios especializados em glaciologia e em climatologia do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) francês, da Comissão da Energia Atômica (CEA) e de várias universidades francesas dataram as sucessivas camadas de gelo extraídas.
Segundo os cientistas, esta datação pôde ser feita mediante a análise das bolhas de oxigênio e nitrogênio contidas no gelo, devido ao fato de que a proporção da concentração destes dois gases no gelo varia ao longo do tempo. Os resultados obtidos, sobre um período de 360.000 anos, "evidenciaram uma relação entre as variações climáticas desta região e a energia solar recebida pelo hemisfério norte durante o verão", explicaram.
"Os aumentos de energia solar no hemisfério norte durante o verão são seguidos, milhares de anos depois, por aumentos de gases de efeito estufa e o aquecimento na Antártica", que se tornaram muito aparentes nas últimas quatro eras glaciais, segundo os cientistas. As variações do aquecimento provocadas pelo movimento da órbita e do eixo de rotação da Terra são datadas com precisão graças aos cálculos de mecânica celeste, uma ciência da astronomia.
Segundo os pesquisadores, a circulação das massas de água oceânicas, que constituem um fator importante de calor, poderia explicar a ligação entre o aquecimento e a temperatura da Antártica. A água procedentes do degelo no hemisfério norte modifica o teor de sal dos oceanos, o que provoca mudanças na densidade da água.
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AFP, 22/08/2007)