Um dos piores venenos para a saúde dos brasileiros nas nossas maiores cidades está no ar, a poluição. Segundo pesquisa inédita da Universidade de São Paulo (USP), feita em seis capitais, os veículos a diesel, apesar de representarem cerca de 10% da frota, são responsáveis por 45% da emissão de um dos poluentes mais perigosos à saúde: as partículas finas. Na capital, a concentração desses poluentes é três vezes maior que o aceitável.
A Organização Mundial da Saúde recomenda concentração máxima de 10 microgramas por metro cúbico. Das cidades analisadas, apenas Recife ficou perto da média com 13 microgramas por metro cúbico. No Rio, em Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, a concentração é o dobro da ideal e, em São Paulo, o triplo.
- A poluição é um problema de todas as regiões metropolitanas do Brasil e hoje o diesel passou a ser um problema importante do ponto de vista de poluição do ar - diz o coordenador da pesquisa, Paulo Saldiva.
Os pesquisadores atribuem a poluição emitida pelos veículos pesados principalmente aos altos índices de enxofre no diesel vendido no Brasil. A concentração da substância, diretamente ligada à produção de fumaça, já foi reduzida nas grandes cidades nos últimos anos, mas ainda chega a ser 50 vezes maior do que a do combustível vendido na Europa e nos Estados Unidos.
O gerente da companhia que cuida da qualidade do ar em São Paulo reclama da demora da Agência Nacional de Petróleo em reduzir os níveis de enxofre.
- Um combustível com pouco enxofre é fundamental pra que a gente consiga produzir veículos mais limpos e melhorar a proteção à saúde pública nos grandes centros urbanos - afirma Homero Carvalho, gerente da Cetesb.
A Agência Nacional do Petróleo declarou que pôs em consulta pública um projeto que reduz a quantidade de enxofre no diesel a 10% da permitida atualmente.
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O Globo, 23/08/2007)