O presidente da Petroquisa (subsidiária da Petrobras no setor químico), José Lima de Andrade Neto, negou nesta quarta-feira (22/08), em audiência pública, que a Petrobras tenha adquirido a Suzano Petroquímica por um preço acima do esperado. Ele informou que foram gastos R$ 2,7 bilhões na compra, valor que estaria dentro da faixa indicada pelo banco ABN Amro, que assessorou a Petrobras na operação. O valor sugerido foi de R$ 2,4 bilhões a R$ 3 bilhões.
Andrade Neto, representantes da Petrobras e da Suzano estiveram na Comissão de Minas e Energia para esclarecer o processo de aquisição da empresa petroquímica pela estatal. A compra da Suzano pela Petrobras foi anunciada no início do mês.
Outros participantes da audiência também defenderam o valor da transação. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, reafirmou que o preço de R$ 2,7 bilhões foi adequado. "Foi um grande negócio para a estratégia de expansão da Petrobras", disse. O vice-presidente-executivo e diretor de Relações com Investidores da Suzano Holding, Fábio Eduardo Spina, também negou que a Suzano Petroquímica tenha sido vendida à Petrobras por um preço acima da média de mercado. Ele afirmou que o preço foi adequado ao porte da empresa e que a operação de venda foi conduzida por equipes assessoradas por bancos de primeira linha.
Spina afirmou que a empresa foi vendida devido à percepção de que era inevitável a concentração entre as atividades de refino de petróleo e petroquímica (produção de derivados do petróleo). Ele ressaltou que, sem essa concentração, a empresa ficaria fraca e não conseguiria investir. "A venda foi o melhor caminho", disse Spina.
Concentração no setor
Segundo Gabrielli, a concentração de empresas no setor petroquímico vem sendo uma tendência do mercado no setor na última década. Ele explicou que é freqüente a integração das petroleiras que fazem a extração e o refino do petróleo com as petroquímicas, que produzem derivados do petróleo.
Em 1995, havia 19 empresas petroquímicas de âmbito mundial. Em 2005, esse número caiu para 7, sendo que 4 delas são petroleiras. Além da Suzano, a Petrobras adquiriu neste ano, por meio de um consórcio, o grupo Ipiranga.
Também na audiência, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que a aquisição da Suzano incrementa a concorrência e está de acordo com a Constituição. Ele disse que é necessária a integração entre as atividades de refino e de petroquímica no País. Ele avaliou que, se isso não acontecer, o Brasil vai perder competitividade no mercado internacional.
Reestatização
O deputado João Almeida (PSDB-BA), um dos autores do requerimento para a realização da audiência, disse que propôs o debate porque ficou surpreso com a compra. "Minha preocupação central é que a Petrobras possa estar fazendo um caminho de volta à reestatização. Queremos saber qual a razão da mudança de estratégia da Petrobras. Há uma mudança de estratégia? Porque não há explicação visível, o mercado não entendeu esse movimento da Petrobras, adquirindo, e por um preço até entendido pelos analistas como fora do padrão internacional, os ativos da Suzano."
Sérgio Gabrielli negou que a Petrobras queira a reestatização do setor. Ele reafirmou que o objetivo da compra da Suzano Petroquímica é apenas o de competir com o mercado mundial de petróleo.
(Por Regina Céli Assumpção, Agência Câmara, 22/08/2007)