A primeira visita da governadora Yeda Crusius (PSDB) a Santa Maria, ontem à tarde, foi quase uma reprise da passagem do chefe do Piratini em outubro em 2006, Germano Rigotto (PDMD). A única diferença é que desta vez, Yeda veio com licença ambiental na mão para o começo da obra da adutora da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), no distrito de Santo Antão. A tubulação, estimada em R$ 9 milhões, vai garantir água para a cidade até 2010.
- Agora, o assinado é para valer - disse Yeda aos representantes das empresas encarregadas pela obra, referindo-se à ordem de serviço assinada em 2006, mas sem a licença.
A obra na adutora deverá começar nos próximos dias, e a previsão é de que esteja concluída em 10 meses. Com o atraso, a obra não estará pronta para resolver o problema da falta de água no próximo verão. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) autorizou a construção de 7,5 quilômetros, que correspondem à primeira fase da obra. Para a construção dos outros 13 quilômetros, serão necessários nova licença da Fepam e mais recursos. Só então, a água estará garantida até 2035.
Bem disposta, a governadora garantiu que o Estado irá repassar a área de 254 hectares da Nova Santa Marta ao município para que a prefeitura possa tocar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A área irá receber R$ 35 milhões para obras de infra-estrutura.
O Estado, segundo o secretário de Habitação e Saneamento, Marco Alba, irá, primeiro, ceder o uso da área (termo de cessão) à prefeitura para, depois, dar a escritura. O trâmite seria para agilizar as obras no local. Yeda também garantiu que o Estado irá fazer todos os projetos de Saneamento envolvendo recursos do PAC.
- O prefeito (Valdeci Oliveira) solicitou que fizéssemos 14 projetos para que ele tivesse acesso aos desembolsos do PAC do Saneamento. Não serão projetos só para Santa Marta, mas para outros locais - afirmou a governadora.
Em tom de brincadeira, Yeda disse:
- Eu não tenho problema de autoria. A mulher não tem. Toda a vez que a criança nasce, ela sabe que é dela.
Em sua manifestação, a governadora reservou um espaço para a sua família: a Rorato. O primo em segundo grau de Yeda Adagir Celestino Rorato, 66 anos, veio de Faxinal do Soturno para prestigiá-la. Antes mesmo de abraçá-la, Yeda já o saudava. Ela, inclusive, aproveitou para lembrar que, na semana passada, o primo mandou uma foto da bisavó, que a governadora não conheceu.
- Eu não sabia de onde vinha essa vontade de brigar, mas não é que vinha da minha bisavó? - brincou.
Estação de tratamentoAinda em Santo Antão, Yeda recebeu flores e parou para fazer fotografias com companheiros do PSDB e aliados políticos que ocupam cargos em órgãos do governo. Depois de uma hora no distrito, Yeda partiu para o último compromisso na cidade: uma visita à estação de tratamento, localizada na Vila Vitória.
Lá, Yeda Crusius recebeu uma explicação de como é tratada a água que chega na casa dos santa-marienses. Já estava começando a escurecer quando Yeda deixou a cidade. A governadora pegou o avião do Estado em direção à Capital. A primeira visita da tucana em solo santa-mariense durou duas horas.
RápidasDurante as cerca de duas horas em que esteve na cidade, a governadora falou sobre outros assuntos, além da adutora:
Transporte escolar em Santa Maria"Já aumentamos para três vezes o que a prefeitura recebeu no ano passado. Se três vezes a mais é pouco, eu não sei o quanto é muito. Ela (prefeitura) está baseada no cálculo de quilômetro por estudante. Nós estamos preocupados com a qualidade da educação. E a qualidade da educação todos os estudos mostram que depende de horas-aulas dadas. Deixar estudante sem aula é qualidade de educação zero. Estamos depositando em juízo. O Ministério Público está cuidando disso, e o dinheiro está à disposição de Santa Maria. Nós enviamos diretamente para as prefeituras. Os recursos existem e estão à disposição, e eu espero um pouquinho de juízo por parte dos prefeitos que ainda não completaram sua parte."
Consulta Popular"Eu herdei dívidas de R$ 190 milhões, mais R$ 180 milhões do projeto Consulta Popular, que não tinham sido honrados. Nosso modo de governar é esse daí: mostramos a carteira. Fizemos regime de caixa desde o primeiro dia. Dá para pagar, não dá para pagar. Tínhamos perdido o crédito na praça, então, primeiro, vamos consertar as contas. Ao consertar as contas, firmamos um acordo entre as prefeituras e o governo do Estado para ir desembolsando do atrasado R$ 41 milhões por ano. Vamos colocar R$ 40 milhões em caixa para honrar o Consulta Popular deste ano, que não será para pequenas obras, será para projetos estruturantes. Eu tenho uma expectativa de que todos se mobilizem para votar no seu projeto regional. Para o ano que vem, o que nós estamos colocando já está registrado em caixa. Então, ninguém vai precisar pedir que a obra comece."
Cortes na EmaterAs despesas da Emater com a Ascar cresceram em 185%. Então, pedimos que ela fizesse uma reestruturação nas suas despesas. Os serviços que foram prestados em 2003, 2004 e 2005 foram excelentes. Estou pedindo que se gaste o mesmo que em 2003, quando foram excelentes os serviços. A Emater me apresentou um plano com o qual eu concordei. Nesse plano, está a demissão de 216 pessoas que trabalham, mas que já são aposentadas e trabalham com um salário, em média, de R$ 10 mil. A demissão de 216 pessoas, que têm uma aposentadoria, não representa desemprego para eles nem perda da qualidade do serviço."
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Diário de Santa Maria, 22/08/2007)