A festa das madeireiras peruanas que invadem o Acre para explorar madeiras nobres e revender no mercado internacional por preços exorbitantes pode estar com os dias contados. O Ministério da Defesa está elaborando uma estratégia de defesa militar para a região, com aumento das bases das Forças Armadas e envolvimento maciço da sociedade civil em operações de vigilância.
A medida foi anunciada durante uma visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao Comando Militar da Amazônia, em Manaus (AM), no início do mês. O ministro afirmou que vai pedir um levantamento completo sobre a situação atual e os furos na defesa e avisou que uma das prioridades do governo será a eliminação de qualquer forma de ameaça à soberania nacional.
"A questão da defesa tem que deixar de ser exclusivamente militar e fazer parte da agenda da população brasileira", disse Jobim, depois de participar da Operação Solimões, uma simulação de combate entre 3,5 mil militares do Exército, Marinha e Aeronáutica.
O anúncio animou o comando das Forças Armadas na Amazônia, que desde o primeiro mandato do governo FHC vêm entregando relatórios seguidos de ameaças de uma "internacionalização branca". A maior parte dessas ameaças vem de cartéis poderosos de madeireiros peruanos e no Acre põe em risco a convivência pacífica entre povos indígenas e agricultores familiares no Vale do Juruá.
O ex-comandante do Comando Militar da Amazônia, general Luiz Gonzaga Lessa, disse que a solução para manter a soberania na Amazônia é investir no Programa Calha Norte (PCN). Criado em 1985, o projeto é subordinado ao Ministério da Defesa e visa aumentar a presença do poder público na região.
O programa abrange 194 municípios em seis Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima), dos quais 95 estão situados ao longo dos 10.938 quilômetros de fronteira. A área corresponde a 32% do território nacional, onde habitam cerca de oito milhões de pessoas, entre as quais, 30% da população indígena brasileira.
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A Tribuna, 21/08/2007)