A China falhou no primeiro semestre deste ano o cumprimento das metas estabelecidas para o combate à poluição, com as melhorias registadas a ficarem longe dos números ambicionados por Pequim, noticia hoje (22/08) a imprensa estatal. As emissões de dióxido sulfúrico baixaram 0,88 por cento nos primeiros seis meses de 2007, enquanto as emissões de oxigénio químico aumentaram 0,24 por cento, chegando aos 6,91 milhões de toneladas, de acordo com um estudo conjunto da Administração Estatal de Protecção Ambiental (SEPA) e da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China.

Em 2005, a China estabeleceu o objectivo de reduzir os dois maiores indicadores de poluição em 10 por cento até 2010, o que exige uma descida média de dois por cento ao ano, objectivo falhado também no ano passado. Os números do governo, publicados no jornal China Daily, mostram que as indústrias altamente poluentes, como as do aço e centrais eléctricas, cresceram mais de 20 por cento no primeiro semestre.

Apesar de se estarem a afastar da meta traçada, as autoridades chineses destacaram os sinais de abrandamento nas emissões de gases poluentes nos últimos anos, afirmando os progressos das suas políticas ambientais. Zhao Hualin, responsável da SEPA, acusou os responsáveis locais de ignorarem as ordens de Pequim e perseguirem objectivos económicos de curto prazo à custa do ambiente. «Os governos locais estão a falhar nos esforços para identificar e punir os poluidores», disse Zhao, citado pelo China Daily.

O mesmo jornal reforça no editorial de hoje a posição das autoridades chinesas, dizendo que «os funcionários locais têm ainda de mudar a mentalidade e deixar de colocar o crescimento económico à frente das preocupações ambientais». Segundo uma investigação do governo holandês, divulgada em Junho, a China ultrapassou em 2006 os Estados Unidos da América como maior emissor mundial de dióxido de carbono, o principal gás de efeito de estufa, causador do aquecimento global.

As autoridades revelaram em Abril que mais de 10 por cento dos terrenos cultiváveis do país, que representam apenas 14 por cento do total da terra na China, estão contaminados e são inapropriados para cultivo devido à poluição das águas, excesso de fertilizantes, metais pesados e resíduos sólidos. As cinco cidades mais poluídas do mundo encontram-se na China, país com baixa taxa de eficiência energética, que, segundo o ministro do Ambiente do país, para produzir 10 mil dólares de Produto Interno Bruto, consome 7,1 vezes mais recursos minerais que o Japão, 5,7 mais que os Estados Unidos da América e 2,8 vezes mais que a Índia.
(Diário Digital / Lusa, 22/08/2007)