O Governo chinês afirmou que um dos piores acidentes em minas da história da China comunista, no qual 181 trabalhadores permanecem presos numa exploração inundada desde sexta-feira (17/08) sem possibilidades de sobrevivência, é um "desastre natural". "Consideramos que o acidente na província de Shandong, provocado por uma inundação, é um desastre natural", disse o ministro de Assuntos Civis da China, Li Xueju, em entrevista coletiva.
Considerar o acidente um desastre natural significa que os parentes dos mortos não receberão indenização dos proprietários das minas, ou receberão uma quantia inferior à habitual. "Na atualidade não existe um sistema de compensação para os mortos por desastres naturais. No entanto, este acidente é diferente, porque aconteceu quando a mina estava produzindo. Acho que o Governo local e os proprietários darão assistência", disse o ministro.
O setor chinês do carvão é o mais perigoso do mundo, com 4.700 mortes registradas em 2006 devido à superexploração de jazidas. O setor representa 73% da energia consumida pela maior economia emergente do planeta. As famílias dos mineiros presos têm enfrentado as forças de segurança em seus protestos. Os parentes consideram que os proprietários ignoraram o alerta de inundação na região.
Na jazida da Huayuan Mining Co, em Xintai, 172 mineiros estão presos há cinco dias. Outros nove vivem a mesma situação numa mina vizinha. Um porta-voz da Administração Estatal de Segurança no Trabalho, citado antes das declarações do ministro Li pela agência "Xinhua", disse que seu departamento não esclareceu ainda a causa do acidente. Mas negou-se a admitir causas naturais ou o fator humano.
Segundo a imprensa internacional em Xintai, o Governo e os proprietários da jazida estão tentando silenciar os parentes com intimidações e pagamentos de até US$ 265, equivalente a dois salários de um mineiro. Os especialistas do Governo dizem que a drenagem dos 12 milhões de metros cúbicos de água que inundaram a mina devido à ruptura do dique do rio Wen levará 100 dias. O prazo tira qualquer esperança de resgatar algum sobrevivente, informou a agência "Xinhua".
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Efe, 21/08/2007)