Um projeto que gerou polêmica no meio político e até divergências entre municípios vai se tornar real hoje em Santa Cruz do Sul, com a inauguração do Complexo Agroindustrial Profissionalizante de Alimentos e Bionergia São Francisco de Assis. A unidade instalada na região de Capão da Cruz Oeste, na frente da entrada do Autódromo Internacional pela RSC-471, promete estimular a diversificação na micro e pequena propriedade.
No local, foi instalada uma destilaria, por meio da qual ocorre extração de álcool a partir da cana-de-açúcar. O equipamento, que já funciona de maneira experimental, tem capacidade de produzir 300 litros de combustível por dia. O objetivo é utilizar o produto para abastecer motores de máquinas agrícolas ou vender para uso em automóveis.
A unidade que entra em funcionamento às 14 horas servirá de modelo para os agricultores de pelo menos 60 municípios conhecerem como funciona o processo de produção do álcool. O presidente da Cooperativa Mista dos Fumicultores do Brasil (Cooperfumos), Gilberto Tuhtenhagem, explica que essa é a primeira fase do projeto que deve resultar na instalação de uma destilaria de maior porte naquele local.
“Os agricultores vão ter como extrair o álcool a partir da cana-de-açúcar e usar em suas propriedades. O que sobrar eles poderão enviar para a usina, que vai adequar aos parâmetros exigidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e vender essa produção”, explica.
Até chegar a essa etapa a direção da cooperativa acredita que ainda vai ser necessário pelo menos um ano. Antes disso, haverá a necessidade de estimular os agricultores das cidades atendidas a plantarem cana-de-açúcar que servirá como matéria-prima para a produção do álcool. “Já estamos realizando reuniões nos municípios para divulgar essa proposta”, reforça.
O projeto de construção de uma usina para produção de bioenergia foi apresentado em janeiro deste ano. A idéia inicial era de que ele fosse instalado em Rio Pardo. Entretanto, os organizadores acabaram fechando acordo com a Prefeitura de Santa Cruz. O município ofereceu uma área de 41 hectares, e a Cooperfumos, ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), começou a construir a estrutura que contará com dois açudes, viveiro de mudas, escola técnica e centro administrativo. A previsão é de que todo o projeto tenha um custo de R$ 4 milhões. Até agora foram investidos cerca de R$ 500 mil na adaptação da estrutura.
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Gazeta do Sul, 21/08/2007)