O final de semana foi marcado na Europa por protestos em prol de ações contra as mudanças climáticas. Em Londres, manifestantes invadiram o aeroporto de Heathrow em protesto contra a construção de uma terceira pista de decolagem, enquanto que, nos Alpes suíços, um grupo de 600 pessoas posou nua para as lentes do fotógrafo Spencer Tunick.
Na segunda-feira (20/08) à tarde os últimos 50 protestantes foram removidos pela polícia britânica de um dos aeroportos mais movimentados do mundo. Com o enfraquecimento do protesto no Heathrow, uma outra vertente do grupo de manifestantes bloqueou a principal entrada da usina nuclear de Sizewell B, nos arredores de Londres, na cidade de Suffolk.
Os protestos no aeroporto começaram há seis dias e reuniram cerca de 500 pessoas que são contra a construção da terceira pista e um sexto terminal, o que aumentaria o número de vôos de 473 mil para 710 mil por ano. O número atual de vôos já é responsável pela emissão de 31 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2).
Integrantes da Associação de Pilotos Britânicos pediram um encontro para a realização de “diálogos de paz”. “Nós gostaríamos de chegar a um entendimento em comum sobre as emissões de CO2 dos aviões. Aeronaves não são grandes poluidores, viagens aéreas não são a fonte de emissões que cresce mais rapidamente e a maioria dos vôos, se comparados com outros modos de transporte, são verdes”, disse o presidente da Associação, o capitão Mervyn Granshaw.
Os manifestantes, claro, discordaram. “Nós estamos mais do que felizes em discutir a ciência das mudanças climáticas com qualquer um, nas agora nos deparamos planejando a direção das ações de amanhã. Depois da manifestação, nos encontraremos com eles”, disse um dos líderes, Ben Healey.
Paralelo a isso, a alguns quilômetros de Londres, um grupo de 600 voluntários posou nu para uma instalação do artista Spencer Tunick nas Geleiras Aletsch, na Suíça. “Sem as roupas, o corpo humano é vulnerável, exposto, é vida ou morte no conjunto dos elementos. O aquecimento global está despindo nossas geleiras e deixando nosso planeta inteiro vulnerável a climas extremos, enchentes, aumento do nível das marés, diminuição da capacidade global de produção de agriculturas, falta de água limpa, doenças e deslocamento de massas humanas”, informou o Greenpeace ao divulgar a notícia.
Se as mudanças climáticas continuarem no ritmo atual, a maioria das geleiras da Suíça irão desaparecer por completo em 2080, deixando apenas vales e picos de pedras a mostra. Nos últimos 150 anos, as geleiras dos alpes tiveram uma redução de aproximadamente um terço do seu tamanho na superfície e metade da massa e o processo de derretimento está acelerando. A geleira de Aletsch retraiu 115 metros em apenas um ano, de 2005 a 2006.
Conhecido ao redor do mundo pelas suas fotografias, Spencer Tunick quer que as pessoas saibam que o aquecimento global não é um assunto abstrato, mas uma ameaça perigosa com efeito para todos. “Eu quero que minhas imagens entrem fundo na pele. Eu quero que os observadores sintam a vulnerabilidade da sua existência e como isto está intimamente ligado a sensibilidade das geleiras de todo o mundo”, disse.
(CarbonoBrasil/
Ambiente Brasil, 21/08/2007)