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2007-08-21
Maluquices da temperatura são reflexos do temido aquecimento global

Enquanto países do mundo calculam prejuízos e mortos em recentes tragédias naturais – como terremoto no Peru –, os bauruenses também sentem os efeitos do aquecimento global e as respostas do meio ambiente para os ataques do homem.

Ontem (20/08), em pleno inverno, a temperatura máxima do dia foi de 28°C. Na madrugada de 29 de julho, os termômetros registraram 5,9°C, com sensação térmica devido ao vento de 0°C.

“Todos os sistemas metereológicos do planeta estão fora do normal e Bauru não seria diferente. A degradação do meio ambiente aumentou a temperatura do planeta e isso fez com que esses fenômenos naturais acontecessem com mais freqüência e intensidade”, explica a meteorologista do IPMet (Instituto de Pesquisas Meteorológicas) da Unesp, Lúcia Gularte.

Para o pesquisador do Grupo de Pesquisa em Mudança Climática do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Lincoln Alves, essas variações extremas de temperatura são, em parte, reflexo do aquecimento global.

“Os extremos estão mais evidentes. Ondas de frio e de calor são cada vez mais fortes e isso está relacionado, de uma maneira geral, a essas mudanças climáticas. É possível verificar já que, principalmente no Interior, as [temperaturas] máximas estão cada vez mais altas e as mínimas, cada vez mais baixas”, afirma.

Outra mudança evidente citada pelos especialistas foi o aumento da freqüência de tornados. Por outro lado, o Brasil – e em especial o Estado de São Paulo –, por estar fora da rota dos furacões, fica livre desse fenômeno.

“O nosso país, felizmente, não está em uma área propícia para esse tipo de sistema. Porém, eventos com calor muito intenso, frio muito forte e chuvas pesadas serão cada vez mais constantes”, diz Lincoln.

“Isso [furacão] é quase impossível de acontecer, mas já vemos que os tornados aumentaram”, completa Lúcia.

Terremoto é igual a 20 bombas atômicas
Desde quarta-feira, o Peru contabiliza os mortos do terremoto de 7,9 graus na escala Richter. Ao menos 540 pessoas morreram e mais de 1.500 ficaram feridas em eventos associados ao tremor, que foi sentido na Amazônia, Roraima e Acre.

Duas das placas tectônicas que existem na Terra, a de Nazca, sob o Pacífico, e a Sul-Americana, no continente, convergem exatamente no Peru. O choque das duas ocasionou o terremoto. A energia liberada foi igual a 20 bombas de Hiroshima, disseram pesquisadores.

Apesar de também serem fenômenos da natureza, os terremotos nada têm a ver com as mudanças climáticas.

Segundo o geólogo e professor da Unesp de Rio Claro, João Carlos Dourado, o Brasil está livre deles.

“O Peru, ao contrário do Brasil, encontra-se em uma região propícia para os terremotos, como o Japão e a Indonésia. No Brasil, a probabilidade disso ocorrer é muito baixa porque estamos no meio da placa tectônica”, diz o geólogo.

Ele lembrou do tremor de terra registrado em Bariri em julho e disse que isso pode ser considerado “natural”.

“Esse tipo de fenômeno, chamado de pequeno sismo, não causa nenhum dano à população, fora o susto, é claro. Não é possível descartar nenhuma hipótese, mas é difícil que isso ocorra com maior intensidade aqui”.

(Jornal da Cidade de Bauru, 21/08/2007)

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