Unir a produção das empresas à preservação do meio ambiente. Esse é o objetivo da sexta edição da Conferência de Produção Mais Limpa, que acontece na próxima quarta-feira (22), no Memorial da América Latina, em São Paulo. O evento é organizado pela Prefeitura de São Paulo e pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, e tem apoio da USP.
A Conferência promove um debate entre iniciativa privada, administração pública, terceiro setor, instituições de ensino e a sociedade civil, sobre experiências e a práica de produção mais limpa nas empresas. Entre os participantes, estão a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o prefeito paulistano Gilberto Kassab e outras autoridades.
Regina Maria Prosperi Meyer, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, também participará do evento. A docente é ligada ao Departamento de História da Arquitetura da FAU e falará sobre a temática do desenvolvimento urbano e da industrialização.
ComplexidadeA professora acredita que é preciso problematizar a questão da "produção limpa", para que o tema seja entendido em sua total complexidade: “estamos abandonando antigas áreas industriais e migrando para outras regiões. Mas a industrialização deixa resíduos muito poluentes, no solo e isso faz com que existam territórios muito comprometidos com a contaminação industrial”.
Regina lembra que elementos como cádmio e mercúrio, altamente poluentes, podem ser retirados do solo em processos de descontaminação - o que é pouco feito, já que algumas dessas áreas atraem a atenção do setor imobiliário, que deseja comercializá-las. “Uma quantidade imensa de obras públicas pode ser inviabilizada. Podemos ter áreas que são verdadeiros buracos negros na cidade por conta disso”, garante a docente.
A Produção Mais Limpa é uma estratégia preventiva que propõe que as empresas
produzam de acordo com a preservação do meio ambiente. Seu objetivo é fazer
com que uma empresa melhore sua produtividade, imagem pública, performance
ambiental e a satisfação dos seus colaboradores.
A Conferência de Produção Limpa é, segundo a professora, uma boa oportunidade para discutir essas questões. O debate vai procurar esclarecer a viabilidade da produção limpa -que, invariavelmente, tende a ser mais custosa. “A instalação de uma planta industrial contendo todos os itens para a produção limpa é mais cara, traz um produto mais caro. Por isso implica mais capital, um lucro menor. É quase que um obstáculo novo ao desenvolvimento”, destaca a arquiteta. Regina reconhece que a adaptação, por parte do meio empresarial, pode ser custosa; mas é necessário que seja vista como uma política pública, e não uma opção mercadológica.
Regina também ressalta a importância da USP nesse contexto. Ela acredita que
a Universidade tem que liderar os processos de transformação no consumo. “A
USP tem iniciativas importantes nesse sentido, mas ainda pequenas diante da
proporção que o desafio da 'produção limpa' assumiu. É uma coisa ainda não
inteiramente conscientizada, nem pelo poder, nem pelos cidadãos”, conclui a
professora.
(Por Julia Zanolli, da
Agência USP, 20/08/2007)