A resposta da humanidade ao aquecimento global já gera os primeiros “barões verdes”, como chama a agência internacional de notícias Reuters em uma reportagem publicada no domingo sobre os primeiros investidores de energias renováveis, tecnologias limpas e mercado de carbono.
A Reuters entrevistou quatro empresários que investem no que chama revolução
energética: Bruce Khouri, co-fundador da Solar Integrated Technologies, especializada em painéis solares para edifícios comerciais; Pedro Moura Costa, co-fundador da Ecosecurities, especializada em negociações com projetos de créditos de carbono; David Scaysbrook, fundador da Novera Energy, especializada em usinas eólicas e captura de gás em aterros sanitários; e Neil Eckert, chefe-executivo da Climate Exchange, que controla a principal bolsa de carbono da Europa. Todos são unânimes ao afirmar que os negócios verdes não são uma bolha do mercado e que ainda há muito dinheiro a ser ganho.
“Nós temos a maior oportunidade de substituir os combustíveis fósseis, o que possui uma capitalização de mercado de centenas de bilhões de libras, noentanto é vital que demos ouvido ao consenso científico e criemos uma solução financeira”, opina Neil Eckert, que além de possuir ações na Climate Exchange no valor de 36 milhões de dólares, também é um dos diretores da Trading Emissions e da Econergy, ambas envolvidas com projetos de corte de emissões e geração de créditos de carbono.
“Eu acredito que nós temos uma chance de alcançar as metas estatais de mitigação muito mais rápido do que as pessoas imaginem. Porém isso depende de acreditarem que se pode ganhar dinheiro”, disse Eckert.
Para o brasileiro Pedro Moura Costa, que fez 10 milhões de dólares vendendo parte das ações da Ecosecurities e ainda mantém 73 milhões de dólares em participação, a única maneira desse movimento econômico realmente ser uma bolha é se falhármos no comprometimento político de redução das emissões ao redor do mundo.
“E se nós fizermos isso, poderemos também esquecer qualquer esforço ambiental, pois as mudanças climáticas nos atingem fortemente e a tendência é acelerar o processo. Eu acho muito improvável que o apoio político não aconteça”, comenta Moura Costa.
Já o autraliano de 43 anos David Scaysbrook afirma que a escala de investimentos de hoje não se compara em nada com o que virá. “O aspecto de bolha está nos investidores mal informados que buscam sonhos tecnológicos. Por exemplo, hoje existem centenas de empresas competindo pela próxima geração de tecnologia em painéis solares, porém não será necessariamente a melhor tecnologia que irá ganhar”, explica.
Scaysbrook vendeu parte das ações da Novera, ganhando 6 milhões de dólares,
e possui outros seis ainda investidos na empresa e na Camco International, uma empresa de neutralização de carbono do qual é conselheiro.
“Por razões políticas, os Estados Unidos está atrás de outros nos assuntos ‘verdes’, mas uma vez assumido o compromisso com o tema, haverá um efeito dominó. Em 20 anos, eles não irão falar sobre telhados regulares porque simplesmente não existirão. Hoje há tanto telhado no mercado imobiliário que é completamente sub-utilizado”, diz Bruce Khouri, que com 48 anos ganhou 5 milhões de dólares vendendo suas ações da Solar Integrated Technologies. Ele ainda mantém 11 milhões de dólares em participação na companhia.
(Por Paula Scheidt, do
CarbonoBrasil, 20/08/2007)