O risco de novos apagões e a convicção de que é preciso garantir sustentabilidade ao crescimento de suas economias levaram Brasil e Argentina a retomar o projeto de construção de Garabi, em Garruchos (RS). As projeções iniciais para a megahidrelétrica binacional no rio Uruguai apontam para investimentos de R$ 6,5 bilhões, com potencial de 1,9 mil megawatts (MW), o equivalente à demanda de uma cidade de 5 milhões de habitantes.
Os números, porém, podem ser revistos. Segundo o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, o projeto original de Garabi prevê construção de uma usina gigantesca, que englobaria enorme área territorial e fortes impactos socioeconômicos e ambientais. Neste caso, o próprio governo admitiu que os choques sociais, econômicos e ambientais seriam um entrave e optou pela construção de duas usinas, a Santo Antônio e a Girau, que juntas terão capacidade de cerca de 6,5 mil MW. A licença ambiental para as usinas foi liberada no mês passado. 'Brasileiros e argentinos avaliam a regulação de cada país, além de realizar estudos ambientais integrados. Há interesse em tocar esse projeto', disse Hubner, destacando que a decisão deve levar pelo menos dois anos.
Iniciadas em 1972, as negociações do projeto Garabi foram interrompidas nos anos 90, quando cálculos indicavam passivo socioambiental em torno de 200 milhões de dólares para o Brasil. O tema voltou à tona nas últimas semanas, com a crise energética na Argentina. Garabi hoje é um complexo de termelétricas de importância estratégica para a Argentina, de onde saem 1 mil MW por dia de energia. Se o novo projeto vingar, a hidrelétrica será repassada pelos governos brasileiro e argentino ao setor privado em regime de concessão, segundo fontes do governo.
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Correio do Povo, 20/08/2007)