Apesar de não exigir muito tempo ou esforço, o processo de separação do lixo ainda é algo negligenciado por uma boa parcela da população. Mesmo em Porto Alegre, onde o programa de coleta seletiva do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) vem sendo realizado desde 1990, essa realidade pode melhorar. Atualmente, são recolhidas diariamente pela prefeitura mil toneladas de lixo domiciliar, das quais apenas 60 são encaminhadas para reciclagem.
Segundo o diretor da Divisão de Projetos Sociais, Reaproveitamento e Reciclagem (DSR) do DMLU, Jairo Armando dos Santos, essa fração poderia ser maior. "Do lixo domiciliar recolhido 30% têm potencial para reciclagem, o que dá em torno de 300 toneladas", afirma ele.
Com o objetivo de ampliar o programa - que ajuda na preservação do meio ambiente e gera empregos -, o governo municipal está intensificando a divulgação junto à população. Através da distribuição de folders, o DMLU ressalta a importância de separar o lixo, além de especificar datas, horários e locais em que ocorre a coleta. Basicamente, é preciso separar os resíduos orgânicos - restos de comida, papel higiênico, pontas de cigarro, poeira etc -, dos inorgânicos - vidros, plásticos, metais e papéis.
"O material que estamos distribuindo indica todos os bairros de Porto Alegre que têm coleta seletiva diariamente. São 11 localidades com recolhimento em dose dupla, ou seja, duas vezes por semana. O folder é bem didático, informa até como funciona o processo de reciclagem", diz Santos.
Atualmente, as 14 unidades de reciclagem da Capital empregam 700 pessoas. Com a ampliação da coleta, esse número tende a subir. "Como temos a necessidade de aumentar o número de catadores, precisamos de mais resíduos. Para isso, tentamos conscientizar a população. Em grandes condomínios fazemos um trabalho de educação ambiental e pedimos ao pessoal que comece a fazer a separação", explica o representante do DMLU.
Funcionando de forma ininterrupta desde 1990, o programa de coleta seletiva de Porto Alegre tem servido de exemplo para outras cidades. "Somos referência no Brasil inteiro. Muitos municípios vêm conhecer nosso sistema e descobrir porque ele deu certo. Na maioria das cidades esse tipo de trabalho é implantado e após algum tempo termina, depois começa de novo. Com isso, a população acaba ficando sem saber como ele funciona", finaliza Santos.
(Por Daniel Sanes,
JC-RS, 20/08/2007)