Ao passar no supermercado, o consumidor leva consigo um resíduo que pode demorar até um século para se decompor. O problema centenário é a sacola de plástico: usada no dia-a-dia para transportar as compras ou o lixo doméstico, ela se transforma em um transtorno ambiental quando descartada, poluindo o solo e as águas. De olho neste impasse, o vereador Tubias Calil (PMDB) apresentou à Câmara um projeto de lei que determina que os supermercados usem embalagens de plástico oxibiodegradável (com decomposição mais rápida) na acomodação das mercadorias.
O projeto será debatido em uma audiência pública hoje, às 14h, na Câmara. O produto é novo e se decompõe mais rapidamente do que o plástico comum, quando exposto ao calor e à umidade (ver quadro).
- Enquanto uma sacola convencional leva cem anos para se desintegrar, a de plástico oxibiodegradável demora até um ano e meio - defende Calil.
Embora desapareça mais rapidamente, há quem afirme que esse novo produto não é a melhor solução. De acordo com a química industrial da Secretaria Municipal de Proteção Ambiental, Viviane Fiorentini, apesar de o plástico oxibiodegradável levar menos tempo para desaparecer, não significa que os resíduos tenham sumido completamente.
- A sacola plástica vai se transformar em pequenas partículas, e não há nenhuma pesquisa que garanta que a reação deste material com o meio ambiente não será mais nociva do que o plástico comum. Isso precisa ser bem discutido antes de virar uma lei - avalia Viviane.
Em São Paulo, um projeto semelhante foi aprovado pela Assembléia Legislativa, mas acabou vetado pelo governador José Serra. Ele atendeu à orientação da Secretaria estadual do Meio Ambiente, que avaliou que o novo produto não solucionava o problema da contaminação do meio ambiente.
Mais cara Entre os lojistas, a determinação da lei gera uma outra preocupação: o custo. As sacolas oxibiodegradáveis têm um preço até 10% superior ao produto convencional. A diferença ganha proporções maiores quando multiplicada pelo número de sacolas consumidas por mês. Nos quatro supermercados Dois Irmãos, por exemplo, são 800 mil unidades. Por isso, o ideal, segundo ambientalistas, seria investir no uso de bolsas retornáveis. Na Rede Vivo de Supermercados, já há um programa neste sentido. A partir de 15 de setembro, o grupo pretende começar a distribuir 20 mil bolsas feitas por presidiários a partir de sacos de farinha.
Para a estudante de enfermagem Lisiane Roveden, a preocupação com o meio ambiente é válida, mas o fundamental seria investir em uma reeducação da população.
- Se antigamente as pessoas usavam bolsas de palha para ir às compras, por que não podemos recuperar este hábito? - questiona a estudante.
O vereador Tubias Calil já apresentou uma emenda ao projeto, acrescentando o uso de sacolas retornáveis como uma alternativa aos supermercados que não queiram adotar o plástico alternativo.
A proposta do vereadorO projeto prevê que os supermercados de Santa Maria ofereçam sacolas plásticas oxibiodegradáveis no lugar das tradicionais
Essas sacolas são feitas de petróleo, o mesmo material do plástico convencional, mas recebem um aditivo químico especial que acelera o processo de decomposição quando são expostas ao calor e à umidade
Os lojistas terão o prazo de um ano, a partir da aprovação da lei, para se adaptar à nova norma
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Diário de Santa Maria, 20/08/2007)