Uma cruzada para proteger a Amazônia das queimadas e do flagelo do desmatamento foi articulada por atores governamentais, pesquisadores e ambientalistas, com base em estudos científicos, projeções estatísticas e a disposição de lutar juntos com a sociedade para reverter o atual quadro, nada animador.
Esta foi apenas uma das recomendações do "I Encontro dos Secretários Estaduais de Meio Ambiente sobre Mudanças Climáticas", realizado na quinta-feira (16/08), na capital amazonense, e que vai integrar o documento "Carta de Manaus", que sintetiza as preocupações e ações de enfrentamento do problema.
Segundo Mariano Cenamo, do IDESAM, nas próximas 24 horas, o desmatamento das florestas tropicais será responsável pela mesma quantidade de Dióxido de Carbono (CO2) emitida do que se 8 milhões de pessoas viajassem diariamente de Londres a Nova York de avião.
O pesquisador também alerta que "conter o desmatamento é a forma mais barata de reduzir emissões de carbono. Não há impedimentos técnicos. Falta apenas vontade política", dispara.
Outro estudioso do clima, Paulo Moutinho, do IPAM, chegou a falar de um "Pacto de Desmatamento Zero". Ele lembrou que o "Fogo Amazônico" já transformou em cinzas 10% do Produto Interno Bruto (PIB) da Amazônia. Foi em 1998, aquecido pelo efeito El Ninho com um prejuízo de 5 bilhões de dólares, estima.
Redução de chuvas, períodos de seca, aumento da temperatura, tornados, furacões e excesso de CO2 na atmosfera, um cenário que intensifica a fragilidades do planeta, e requer mais do que boa vontade para elaborar programas de ação: precisa de dinheiro.
Recursos - A necessidade de mais verbas para estruturar as secretarias estaduais de Meio Ambiente do país, e a conseqüente viabilidade de programas ambientais que ajudem a enfrentar as mudanças no clima, foi outra sugestão do encontro.
"Na prática, parte do debate sobre mudanças climáticas é justamente como remunerar o esforço que o governo brasileiro, os governos estaduais da Amazônia estão fazendo no combate ao desmatamento da região", reconhece o secretário de Meio Ambiente do Pará, o geógrafo Valmir Ortega.
Ortega reconhece que essa é uma tarefa grandiosa e tem um custo para a sociedade brasileira, muito alto, e que contribui globalmente ao planeta reduzindo as emissões de carbono. "Portanto, de alguma forma, busca-se que esse esforço seja remunerado", completa.
O secretário reconhece que o conjunto do orçamento da área ambiental, de um modo geral é pequeno, por isto há uma necessidade vital de que se ampliem esses orçamentos, "e portanto necessário uma interlocução forte com o governo federal no sentido de criar mecanismos, linhas de financiamentos, de incrementar os orçamento federal, e os orçamentos estaduais para a gestão ambiental.
O secretário Valmir Ortega fez um balanço positivo do encontro, que ele entende ter inaugurado o esforço dos Estados, de forma conjunta, em debater a temática de mudanças climáticas. "É o início de um trabalho integrado entre os governos federal e estadual para que se construa uma política nacional, e ao mesmo tempo habilite os Estados a ter uma participação ativa nesse debate", finalizou.
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Ascom Sema / Diário do Pará, 17/08/2007)