Quatro dias depois do terremoto de 8,0 graus na escala Richter que atingiu o Peru e deixou cerca de 500 vítimas, a população dos locais mais afetados pede ajuda do governo para enterrar os mortos e teme problemas de saúde por falta de serviços básicos. Desde o tremor, o caos se instalou sobre a região turística das cidades de Pisco e Ica, especialmente. O governo teve que acionar o Exército para evitar saques, e a população, sem alimentos ou água, se desesperava pelas ruas.
A cidade de Pisco é um exemplo dos problemas causados pelo terremoto. Além de devastada, ela permanece ameaçada. Segundo o jornal peruano "Expresso", a população da cidade já apresenta quadros de desidratação por disenteria e problemas respiratórios. O governo se preocupa que os males de saúde se espalhem de forma epidêmica. O número de atendimentos de emergência nos hospitais de Pisco aumentou dez vezes da sexta para o sábado, e deve subir na mesma proporção nos próximos dias, segundo o jornal.
Decomposição e contaminaçãoMuitos corpos continuam desaparecidos entre os escombros de desabamentos causados pelo terremoto. Segundo o chefe das operações de busca na cidade, Claudia Sáenz, pode haver mais de uma centena de mortos ainda a serem encontrados. A Praça de armas e o principal hospital de Pisco se transformaram em necrotérios abertos, já que o prédio do necrotério da cidade desabou após o tremor. Somente na cidade, foram encontrados 330 mortos. Muitos deles ainda não foram reconhecidos e seguem expostos, cobertos com plásticos, esperando ser encontrados por familiares e enterrados.
Depois de quatro dias sem cuidados, os corpos expostos e os ainda não encontrados começam a exalar cheiros desagradáveis por causa da decomposição acelerada pelo calor. A decomposição dos corpos e o colapso dos sistemas de água e esgoto comprometem a saúde da população de toda a cidade. "Os corpos em decomposição emitem não apenas mal cheiro, mas muitos microorganismos que podem infectar as pessoas, contaminar o solo e causar doenças", disse ao "Expresso" o médico Santiago Vincent, diretor de um hospital de Pisco.
Segundo os serviços de saúde do país, o desastre pode desencadear uma onda de doenças de contágio rápido como hepatite, cólera, conjuntivite, tétano, febre tifóide, pneumonia e diarréia aguda. As crianças e os idosos são os mais afetados. Muitos adoecem por terem perdido suas casas e terem que enfrentar as mudanças climáticas e o excesso de umidade, seja ao ar livre ou em abrigos improvisados. Segundo as orientações básicas de cuidados, a população deve evitar andar descalça, cuidar bem dos alimentos, se abrigar e cuidar da água consumida.
DanosO número de mortos no violento terremoto que assolou na quarta-feira a costa do Peru chegou, até o momento, a 492, e os feridos somam 1.042, segundo o Instituto Nacional de Defesa Civil (INDECI). O organismo detalhou em comunicado que os dados foram atualizados com informações enviadas pelos comitês da Defesa Civil nas regiões atingidas pelo tremor. O Centro de Operações de Emergência Nacional (COEN) precisou que o número de imóveis danificados ou destruídos subiu para 33.191 e 33.192, respectivamente.
Foram registrados quatro hospitais, sete edifícios, seis igrejas e um hotel destruídos, assim como 14 estradas, duas pontes e oito casas de saúde afetadas. Além disso, foram comprometidas 664 casas e 37 escolas. O INDECI precisou que os dados correspondem às conseqüências do sismo de grau 8 na escala Richter nas regiões de Ica, Lima, Callao, Junín, Ayacucho, Huancavelica e La Libertad.
(Portal G1/
Ambiente Brasil, 20/08/2007)