O uso de algodão transgênico foi tema, na sexta-feira (17/08), de audiência pública no Senado Federal. Movimentos sociais e pequenos agricultores apresentaram argumentos contra. Já um dos membros da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNbio) defendeu o uso. Para Paulo Andrade, a principal vantagem é a redução de uso de agrotóxico em relação às outras espécies de algodão.
Andrade também mostrou fé no futuro das pesquisas de transgênicos em geral. “Futuramente haverá transgênicos que aumentem o número de vitamina na planta, coloração ou textura. O que a gente precisa é dar ao agricultor a opção de querer ou não plantar transgênicos”.
O integrante da CTNBio fez uma ressalva quanto aos possíveis impactos ao meio ambiente que, segundo ele, serão analisados. “Um algodão transgênico que seja resistente a inseto tem um DNA que, se o inseto for tentar comê-lo, morre. Acontece que esse pedacinho de DNA pode passar para uma outra planta, que também ficará resistente ao inseto. Uma planta do mato resistente a inseto será uma coisa invasora. Como a polinização das plantas é feitas pelas abelhas isso pode embaralhar essa cadeia. Por isso, tem que ter cuidado. Esse é um exemplo, qualquer característica nova que for inserida em uma planta pode escapar e ir para outra”.
Hoje, há apenas uma variedade liberada no mercado, o algodão Bollgard Evento 531, da Monsanto do Brasil, resistente a insetos. A liberação comercial de três novas variedades estão sendo analisadas e aguardam parecer da comissão. Uma tolerante ao glifosinato de amônio, outra ao glifosato e um segundo tipo resistente também a insetos.
Andrade também falou sobre o impacto econômico do uso de transgênicos estrangeiros. Atualmente o Brasil não produz as sementes necessárias de milho e de algodão, caso venha a ser liberado. “Estamos nas mãos de empresas estrangeiras porque os brasileiros que desenvolveram a tecnologia, venderam as empresas para estrangeiros, anos atrás, quando o Brasil não dava apoio a quem produzia essas sementes. Mas estamos avançando muitíssimo”.
Mas a tendência, de acordo com o técnico, é mudar essa situação. “Vários processos de empresas brasileiras estão tramitando na CTNbio para inúmeras variedades transgênicas de diferentes plantas. Não há dúvida de que vamos ter variedades transgênicas brasileiras no mercado nos próximos cinco ou seis anos”.
(Por Alessandra Bastos, Agência Brasil, 17/08/2007)