Um forte tremor secundário de 5,9 graus causou pânico entre a população e as equipes de resgate que procuram sobreviventes do terremoto de 8 graus que matou mais de 500 no sul do Peru na quarta-feira (15). O novo tremor atingiu principalmente a região de Huancavelica, ao sul de Lima, onde destruiu centenas de casas. Não foram registradas mortes no novo terremoto, segundo autoridades.
O tremor de 8 graus foi o pior a atingir o Peru desde 1970, quando 50 mil pessoas morreram após avalanches de gelo e deslizamentos de terra causadas por um tremor na cidade de Yungay. Equipes de resgate ainda procuram sobreviventes do terremoto, um dos piores desastres naturais dos últimos cem anos na América do Sul. Hospitais e necrotérios estão lotados.
Em Pisco, centenas de pessoas aguardavam em longas filas para receber alimentos e água quando o chão voltou a tremer. Os trabalhos de resgate continuam na cidade, onde ao menos 200 pessoas que assistiam a uma missa morreram após o desabamento de uma igreja. "Ainda temos esperança de encontrar alguém com vida", disse o ministro da Saúde, Carlos Vallejos. Um homem foi retirado vivo dos escombros pelas equipes na manhã de hoje.
"Continuaremos a procurar por corpos e sobreviventes", afirmou Felipe Aguilar, diretor das equipes de resgate do Exército na cidade. "Isso é prioridade agora, porque conseguimos retirar uma pessoa viva dos escombros".
Centenas de pessoas se aglomeraram no local onde ficava a igreja que desabou. A cidade, que tem cerca de 120 mil habitantes, ficou sem energia elétrica e sem linhas telefônicas. Muitas rodovias também foram interditadas em Pisco, ao sudeste de Lima, onde se localizou o epicentro do terremoto. As cidades de Ica e Chincha também foram muito atingidas.
Milhares de pessoas ficaram desabrigadas e foram forçadas a dormir ao relento. Muitos se queixaram de falta de atendimento médico e da demora no recebimento de mantimentos. Em Ica, cerca de 25% das construções ruíram e ao menos 57 corpos foram levados para o necrotério. Feridos e familiares lotaram os hospitais. Muitas igrejas da cidade desabaram, entre elas uma construção histórica. O tremor causou corte de energia elétrica e de serviços de telefonia celular entre a capital e a área onde ocorreu desastre foi maior.
AjudaA ajuda internacional inclui recursos financeiros vindos dos Estados Unidos, da ONU (Organização das Nações Unidas), da Cruz Vermelha e da União Européia (UE), assim como o envio de barracas, água, remédios, alimentos e outros mantimentos. O governo dos Estados Unidos ofereceu ajuda de US$ 100 mil (mais de R$ 200 mil) ao Peru para os trabalhos de resgate e nas demais necessidades após o terremoto, informou a Casa Branca. Bush também colocou à disposição os 800 médicos lotados em uma base americana no Equador para se deslocarem ao Peru, caso seja necessário. A ONU anunciou que arrecadou US$ 1 milhão (mais de R$ 2 milhões) para enviar à região. A União Européia anunciou que disponibilizará US$ 1,34 milhão (mais de R$ 2, 8 milhões) para a área afetada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ao presidente do Peru, Alan García, e prometeu enviar ajuda humanitária, medicamentos, tendas e alimentos não-perecíveis.
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Folha Online, 17/08/2007)