Itajaí/SC - Pesquisadores reunidos em Itajaí, em Santa Catarina, decidiram pela prorrogação da portaria 121/2002, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que proibe a pesca e comercialização do peixe Mero, conhecido como "Senhor das Pedras ou Senhor do Mar", pelo período de mais cinco anos. A reunião aconteceu nos dias 15 e 16 de agosto no Centros de Pesquisa e Extensão pesqueiras das Regiões Sudeste e Sul (Cepsul/Ibama). Participaram da reunião cientistas especialistas de diferentes partes do Brasil, representantes de universidades, centros de Pesquisas, Organizações não Governamentais (ONGs) e Ibama, além de ambientalistas e pescadores.
O parecer foi encaminhado a sede do Ibama em Brasilia, onde será avaliado. A decisão final deve sair dentro de até 25 dias, mas os pesquisadores acreditam numa resposta positiva. Para Mauricio Hostim, professor do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar), da Univali e biólogo responsável técnico do projeto, esse foi um momento muito importante para Santa Catarina: "Garantimos mais cinco anos de preservação para o Mero em todo o Brasil. Precisamos criar no povo catarinense a mentalidade de orgulho por termos uma espécie tão rara em nossas águas", afirma.
A espécie tornou-se o primeiro peixe marinho da história do Brasil a receber um mecanismo legal de proteção. A ação faz parte do projeto "Meros do Brasil", que visa a proteção do peixe e dos ambientes marinhos e costeiros em quatro pontos do país e oferece ao Mero, mais chances para garantir sua sobrevivência. O projeto é patrocinado pela Petrobras, por meio do programa Petrobras Ambiental, e desenvolvido por quatro instituições: Instituto Recifes Costeiros, em Pernambuco, Associação de Estudos Costeiros e Marinhos (Ecomar), na Bahia, Instituto Ambiental Vidágua, em São Paulo e a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina.
"A portaria é fundamental para a proteção do Mero do Brasil e possibilita que sejam realizados novos estudos sobre a espécie. Os pesquisadores precisam desse tempo para a divulgação das informações produzidas e continuidade dos trabalhos já iniciados", disse Mauricio Hostim. A reunião avaliou o que já foi feito e as próximas estratégias: "O objetivo era justamente discutir o período de prorrogação, além de apresentar os dados e as pesquisas que foram realizadas durante os cinco anos, para traçar as próximas metas", ressalta o professor da Univali.
O Mero é uma espécie de grande porte, da família Serranidae, a mesma da Garoupa e do Badejo. Ele pode atingir três metros de comprimento, pesar mais de 400 quilos e viver mais de 40 anos. A captura excessiva desta espécie, que ocupa áreas costeiras e apresenta comportamento destemido em relação a presença humana, além da crescente degradação de seu habitat vem resultando em declínios populacionais.
O Mero é altamente susceptível à pesca, pois possui longo tempo de geração, com taxas de crescimento lento e maturação sexual tardia, além de hábitos como os de agregar-se para a reprodução. A continuidade da portaria vai assegurar, além do conhecimento científico, a preservação do Mero e a conservação dos ambientes associados. Atualmente, o Mero está na lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da IUCN (Internacional Union for Conservation Nature) como espécie Criticamente Ameaçada.
(Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do mar (CTTMar), da
Univali, 16/08/2007).