A necessidade de uma revisão das estratégias de conservação da Amazônia foi reforçada ontem por especialistas e representantes governamentais no 5º Seminário Técnico-Científico de Análise de Dados Referentes ao Desmatamento, em Anápolis (GO). "O grande desafio não é desenvolver a economia nas regiões de floresta, é promover o desenvolvimento nas regiões que já foram alteradas", defende José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente de Ciência e diretor para Amazônia da organização Conservação Internacional.
Uma nova versão do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento deverá ser concluída até o fim do ano, quando o governo espera comemorar mais uma redução nos índices de desmatamento da região.
Conforme detalhado ontem pelo jornal O Estado de S.Paulo, a nova edição do plano será fundamentada em duas estratégias: o aproveitamento econômico sustentável das florestas preservadas e a recuperação ambiental e econômica das áreas já alteradas. Cerca de 700 mil quilômetros quadrados de floresta já foram desmatados na Amazônia - uma área do tamanho de Minas, Rio e Espírito Santo. E cerca de 30% dessas terras (200 mil km2, equivalente ao território do Paraná) estão abandonadas, segundo a pesquisadora Ima Célia Guimarães Vieira, do Museu Paraense Emílio Goeldi. "São terras que não estão sendo usadas para nada e poderiam ser recuperadas", disse Ima.
Segundo especialistas, o aproveitamento de áreas abandonadas ou subaproveitadas seria uma forma estratégica de incentivar atividades econômicas na região sem pressionar novas áreas de floresta. "Se usarmos bem esses 700 mil km2 podemos multiplicar a economia regional por cinco sem derrubar nenhuma árvore", diz Cardoso. "Não existe mais lógica nem para o desmatamento legal nem ilegal."
(
Agência Estado, 16/08/2007)