Terremotos que acontecem em falhas geológicas extensas e retas podem avançar mais rápido do que se imaginava, emitindo fortes ondas de choque que tornam esses terremotos-relâmpago ainda mais destrutivos, mostrou um estudo publicado na quinta-feira (16/08). As conclusões podem ajudar os pesquisadores a determinar as falhas geológicas mais perigosas do mundo e a prever melhor quais áreas correm o risco de sofrer danos mais graves em consequência de tremores, disse Shamita Das, que encabeçou a pesquisa.
"Considerando o potencial de mais destruição, devemos levar essas informações em conta quando estivermos planejando construções resistentes a terremoto no mundo todo", escreveu Das, sismóloga da Universidade de Oxford, na revista Science. Os terremotos costumam avançar à velocidade de entre 2,5 e 3 quilômetros por segundo, uma velocidade que durante muito tempo os pesquisadores acreditavam ser insuperável nos tremores, disse Das.
Mas o novo estudo defende que certos terremotos podem avançar mais rápido que isso, continuou a pesquisadora. Utilizando computadores mais potentes, sismógrafos de mais qualidade e novas técnicas de imagem, a equipe mostrou que um terremoto que aconteceu em 2001 no Tibete Central, ao longo da falha de Kunlun, avançou a cerca de 5 quilômetros por segundo. O tremor teve magnitude de 7,8 graus.
O estudo também mostrou que falhas de linhas retas e longas favorecem a formação desses terremotos-relâmpago, num efeito que Das comparou com dirigir um carro numa estrada reta, onde há mais chance de ganhar velocidade. "Se a estrada tem curvas você é obrigado a ir mais devagar, ou se tem irregularidades, tem de desacelerar", disse ela numa entrevista por telefone. "Terremotos fazem a mesma coisa."
Das afirmou, por exemplo, que a falha de San Andreas, na Califórnia, tem vários trechos em linhas retas e longas, o que tornam essas áreas mais sujeitas aos terremotos-relâmpago. A falha -- responsável pelo terremoto de San Francisco em 1906 -- vai desde o deserto do sul da Califórnia até o norte do Estado, e marca o limite entre as placas tectônicas do Pacífico e Norte-Americana. "Sabemos que vai haver mais terremotos na falha de San Adreas", disse ela. "Se o próximo agir dessa forma, o potencial de danos será maior que o que se imaginava."
A pesquisadora disse que esse tipo de terremoto, altamente destrutivo, que emite fortes ondas de choque, é menos provável nos casos em que uma das placas está debaixo da outra, como no tremor que atingiu o Peru na quarta-feira, matando centenas de pessoas. O próximo passo, disse ela, é identificar as falhas pelo mundo que no futuro podem dar origem a esses terremotos superpotentes.
(Por MICHAEL KAHN,
REUTERS, 17/08/2007)