A Argentina instou o Uruguai a deter a construção da fábrica de celulose da empresa finlandesa Botnia, após expressar sua "mais forte inquietação" por um vazamento de sulfato de sódio que atingiu três mulheres da cidade argentina de Gualeguaychú na última terça (14/08). Em um comunicado, a Chancelaria argentina afirmou que convocou o embaixador uruguaio em Buenos Aires, Francisco Bustillo, para entregar a ele uma nota na qual transmite sua preocupação com "este grave episódio".
A denúncia judicial foi realizada por Gabriela Caballero, Alejandra Crimella e Isabel Nievas, membros da Assembléia Ambiental de Gualeguaychú, grupo que há mais de nove meses mantém bloqueado a ponte que leva a Fray Bentos, onde está sendo construída a fábrica, em protesto por sua instalação. As mulheres disseram que na última terça foram à ponte que leva a Fray Bentos para tirarem fotos do vazamento que aconteceu nas instalações da Botnia, que atingiu operários da fábrica e cujas causas são investigadas pelas autoridades uruguaias.
"Primeiro foi um forte cheiro de cloro, depois coceira no peito, dores na garganta e avermelhamento na pele e nos olhos", declarou Caballero à imprensa local. A Chancelaria qualificou de "empreendimento ilícito" o da Botnia e disse que "é prejudicial para o ecossistema associado ao rio Uruguai e suas áreas de influência", e reiterou que, com sua construção, foi violado "um tratado bilateral, o Estatuto de 1975".
"Nosso país, em conseqüência, instou mais uma vez as autoridades uruguaias a deterem o projeto, no âmbito da necessidade de se evitar um agravamento dos fortes tensões já existentes entre os dois países", afirmou. Neste marco, a Chancelaria disse que deu instruções à Embaixada argentina perante "o Reino dos Países Baixos para entregar a nota às autoridades da Corte Internacional de Justiça de Haia", onde esta sendo analisada a controvérsia. "A Argentina não duvidará, como fez desde o início da controvérsia, em seguir defendendo os seus direitos, que se vêem vulnerados pelo empreendimento ilegal da Botnia", diz o comunicado.
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Efe, 17/08/2007)