O terremoto ocorrido na noite de quarta-feira (15/08) no Peru às 20h40 (horário de Brasília) foi sentido em alguns pontos dos estados da Região Norte do Brasil. Em Rio Branco (AC), a Defesa Civil registrou a ocorrência de tremores na ponte metálica e na ponte de concreto sobre o Rio Acre e em dois prédios com mais de dez andares.
Em Porto Velho (RO), o Corpo de Bombeiros foi chamado para fazer inspeção em dois prédios de 12 andares no centro da capital e no bairro de Olaria. Em Manaus, no Amazonas, a cerca de 1.800 quilômetros de distância de Lima (capital do Peru), o Corpo de Bombeiros recebeu sete solicitações de inspeção a edifícios e de socorro a pessoas presas em elevadores no momento do tremor.
Segundo os bombeiros, este é o terceiro ano consecutivo em que se observam tremores em Manaus. Em julho passado também foi verificado tremor na divisa do Amazonas e do Acre.
Apesar desses episódios, especialistas avaliam que a região Amazônica não é propícia a grandes abalos sísmicos. “Nós estamos em uma região, aqui na Bacia Amazônica, de plataforma sedimentar. Lá [no Peru] é uma área de afloramento cristalino de movimentação tectônica”, explica o professor Raimundo Muniz Penha, chefe do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Acre.
O geofísico Jorge Sandi França, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, acrescenta que o território brasileiro está em sobre um ponto chamado de “intraplaca”. “É uma região em que não há muito contato entre placas” diz. Segundo ele, trata-se do contrário do que ocorre na costa oeste da América do Sul.
“Terremotos são produtos da acomodação de camadas internas da crosta [terrestre]”, explica o professor Raimundo Muniz Penha. “Quando essa acomodação ocorre, emite vibrações para a terra e produz tremores intensos.”
A acomodação se dá após o movimento de placas tectônicas, quando a placa mais densa mergulha sob a outra. No caso de ontem, a Placa Nazca (da Cordilheira dos Andes) e a Placa Sul-Americana (mais densa, sobre a qual está o Brasil) estavam em atividade sísmica.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional, anunciou o envio de 46 toneladas de alimentos para as vítimas do terremoto no Peru.
Serão distribuídas cestas de alimentos compostas por 22 itens, entre eles, arroz, feijão, açúcar, leite em pó, macarrão, óleo e farinha. De acordo com a secretaria, o pedido de ajuda foi feito pelo governo do Peru ao Ministério das relações Exteriores (Itamaraty).
(Por Lílian Amorim, Leandro Martins e Gilberto Costa, Agência Brasil, 16/08/2007)