Na Barra de Cunhaú, litoral sul do Rio Grande do Norte, as piscinas de camarão chamam a atenção do visitante. Mas apesar de grandes empresas, como a Camanor -que desde os anos 1980 opera na região sob a batuta do suíço radicado em Natal Werner Jost-, exportarem milhões de dólares em camarão todos os anos, pequenos e médios produtores já não conseguem mais lucrar. Alguns até já deixaram suas terras. E pescadores que usavam o mangue para pegar caranguejo e peixe viram sua atividade minguar.
Um dos moradores da região, Gilvan Oliveira, 54, foi encontrado na beira da água pela reportagem. Mas ele não estava cuidando do seu pescado.
"As fazendas de camarão são bem-vindas porque trazem empregos. Mas o impacto ambiental existe. Isso aqui tudo era mangue. Hoje, não se pode viver mais da pesca, precisamos partir para outras coisas para sobreviver", diz o pescador, que hoje constrói barcos para transportar turistas.
O dilema de Oliveira se espalha por quase todo o Estado potiguar, o pioneiro na criação de camarão no país e até hoje o maior exportador. A situação é grave, por exemplo, na lagoa de Guaraíras, que fica perto da famosa Praia da Pipa. O mangue lá sofreu uma importante redução segundo o Ministério Público Estadual. (EG)
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Folha de S.Paulo, 16/08/2007)