Santa Maria - Na tarde de terça-feira o delegado regional de polícia, Moacir Pelegrini informou que não se pronunciaria sobre o crescente número de policiais contaminados com leptospirose. Já chega a 16, segundo o Laboratório de Diagnóstico de Leptospirose da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Pelegrini disse que há uma discrepância nos resultados e métodos de análises, questionando inclusive a existência da doença apontada. Entre os enfermos, há três policiais internadas no Hospital da Brigada Coronel Izidro.
A contaminação teria acontecido no prédio da Silva Jardim com o início da arrumação de inquéritos e demais documentos de arquivo, que seriam transferidos para a nova sede da 1ª Delegacia de Polícia Civil, na Roque Calage. "A mudança facilitou o contado dos policiais com caixas de papéis antigos. É provável que houvesse nesses materiais, vestígios (fezes ou urina) de ratos - principal transmissor da leptospirose", disse o inspetor de polícia Luiz Dornelles, caso positivo da doença.
A escrivã Vera Rejane de Freitas, 39 anos, e o marido, o militar Lademir Freitas, 43 anos, também estão doente. Ela foi a primeira funcionária da DP a ser hospitalizada, com um quadro clínico de infecção nos pulmões e rins. "Resolvemos mudar da Silva Jardim por duas razões: a primeira, o prédio era locado e o atual, faz parte da listagem de edificações públicas. Depois, a estrutura da antiga delegacia não oferecia condição adequada para a realização de nossas funções. Não era incomum ver ratos passeando pelos corredores, e não era à noite não. Em plena luz do dia", disse a escrivã, que após as injeções de pinicilina, apresentou melhora significativa.
A delegada Débora Dias, 37 anos, atual responsável pela 1ª DP, disse que os resultados do Laboratório Central do Estado (Lacen) foram repassados ao delegado regional, que não quis prolongar o assunto. "Quanto as decisões de outras sessões da polícia, não posso me pronunciar. Mas garanto que todas as ações necessárias que competem a minha pasta e ao meu pessoal, em relação aos casos de leptospirose, estão sendo tomadas. Os policiais têm se submetido aos exames e o farão quantas vezes preciso. O importante é evitar que se enfermos, desconheçam o quadro e fiquem sem tratamento adequado", enfatiza.
As assistentes sociais Leonora Velaske, 49 anos, e Lisiane Castro, 47 anos, do Serviço de Assistência Social de Porto Alegre terminaram ontem as entrevistas com os policiais contaminados. Elas devem apontar acidente de trabalho para que os doentes sejam ressarcidos pelo Estado.
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A Razão, 15/08/2007)