A formatação da “Carta de Apoio Teles Pires- Tapajós”, que será encaminhada ao Ministério dos Transportes, é o principal resultado da audiência pública, realizada neste final de semana, na AABB de Alta Floresta (a 803 km de Cuiabá). A audiência foi realizada pela Assembléia Legislativa de Mato Grosso e presidida pelos deputados Otaviano Pivetta (PDT) e Ademir Brunetto (PT).
Antes do envio ao Ministério dos Transportes, prefeitos, vereadores e deputados presentes na audiência passarão a Carta em seus municípios para o implemento de novas sugestões. O evento teve como objetivo debater a viabilidade e implantação da hidrovia “Teles Pires- Tapajós”, que sairá de Alta Floresta/MT, passando por mais de 30 municípios, e seguirá até o Porto de Santarém/PA. O custo estimado da obra é de US$ 250 milhões. Desse total, cerca de 60% será usado para contornar três corredeiras- que são os principais obstáculos para a navegação.
Na ocasião, mais de 500 pessoas, representantes dos municípios da área de influência, debateram a viabilidade econômica e ambiental do projeto. “A hidrovia é uma artéria social para esta região. Não adianta falar em educação, inclusão social se não há condições econômicas para que isso aconteça. Qual futuro podemos oferecer se não podemos aproveitar o nosso potencial”, declarou o parlamentar Otaviano.
O deputado ainda destacou que a hidrovia não impede as discussões em torno da BR-163 e é ambientalmente positiva. “Não estamos falando em abandonar o projeto de reestruturação da BR-163, mas de agregarmos os projetos para garantir o desenvolvimento econômico e social. A hidrovia garante redução de gastos com combustível e é comprovadamente, menos poluente”, complementou Pivetta.
De acordo com o superintendente da Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental (Ahimor)- Michel Dib Tachy, que fez a palestra de abertura da audiência, a hidrovia pode ser o principal e mais bem-sucedido eixo de escoamento de produção do País. Ele defende uma reavaliação dos estudos para implantação do projeto, que após embargo do Ministério Público, em 1999, deve sofrer modificação nos valores previstos.
Tachy, endossou a fala de Otaviano, tendo em vista o baixo impacto ambiental que a canalização para hidrovia causaria e ainda, o caos no transporte brasileiro em todos os aspectos, como investimentos, condições de trafegabilidade, acidentes e condições para escoamento de grãos- que tendem a aumentar no decorrer dos anos.
Os gastos ainda são significativamente menores se comparados com o transporte rodoviário, que é oito vezes mais caro. No Brasil se gasta 30% do lucro de produção com transporte, sendo que em países que já adotaram a hidrovia esta custo é de 14%.
O deputado Ademir Brunetto explicou que vai iniciar um processo de articulação em Brasília para conseguir a liberação das licenças ambientais e recursos para a obra ser viabilizada. “Além de tudo garantimos sustentabilidade da região, a preservação do meio ambiente e com uma economia incalculável aos cofres públicos tendo em vista que a tendência é só aumentar os investimentos nas estradas para dar conta do escoamento”, explicou.
A presença significativa da população foi avaliada pelo presidente da OAB, Aarão Lincon, como a demonstração do anseio que toda a sociedade da região do extremo Norte do Estado vive na expectativa da viabilização e implantação a hidrovia. “Com certeza, a hidrovia mudará a estrutura econômica da nossa região. Hoje o povo demonstrou a importância e a expectativa que temos em torno da implantação da hidrovia”, disse Aarão.
Participaram da audiência pública também, representantes de 35 municípios da área de influência da hidrovia, além do deputado federal Valtenir Pereira, os prefeitos Maria Izaura Dias Alfonso (Alta Floresta), Silda Cochemborg (Apiacás), Orodovaldo Miranda (Carlinda), Hemenegildo Bianchi (Peixoto de Azevedo), representantes do Ministério dos Transportes (AHIMOR e do DNIT).
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24 Horas News, 14/08/2007)