A petroquímica Braskem anunciou recentemente sua tecnologia para fabricar plástico 'verde' a partir do álcool de cana-de-açúcar. O projeto consumiu investimentos de US$ 5 milhões, e as futuras decisões sobre localização da planta têm como pano de fundo um conceito ainda pouco conhecido no Brasil: a ecoeficiência.
A ecoeficiência - modo de se produzir bens e serviços utilizando menos recursos naturais (água, energia, matéria-prima) e gerando menos resíduos - está ganhando força na indústria brasileira, especialmente entre empresas com presença no mercado internacional.
'Além da redução nos custos, a estratégia permite ganhos em competitividade e para a imagem das empresas', explica Sonia Chapman, diretora presidente da Fundação Espaço Eco, o primeiro centro para ecoeficiência da América Latina, que funciona há três anos em São Bernardo do Campo (SP). O centro presta consultoria para empresas e tem clientes como Braskem, Votorantim e Santista Têxtil. A Fundação tem entre os mantenedores a indústria química Basf e a GTZ, agência de cooperação técnica alemã.
'A idéia é orientar as empresas para que tornem seus produtos e processos melhores, do ponto de vista socioambiental', explica Sonia. Segundo a executiva, isso é feito por meio de um software de ecoeficiência, aplicado in loco nas empresas.
O software analisa parâmetros como consumo de água e energia, emissões de poluentes, toxicidade dos produtos e riscos potenciais, e permite calcular o custo das alternativas menos agressivas ao meio ambiente.
Na Braskem, a análise de ecoeficiência foi aplicada nas linhas de produtos de PVC, etenos e polietilenos, insumos da indústria do plástico. 'Agora, as próximas decisões de investimentos da empresa, como a localização da planta do plástico 'verde' e sua tecnologia de fabricação, terão como base os resultados da análise de ecoeficiência', diz Jaildes Britto, coordenadora de meio ambiente corporativo da Braskem.
A Votorantim Papel e Celulose (VCP) também aderiu à análise de ecoeficiência em suas fábricas. Isso ajudou a empresa a alcançar a auto-suficiência energética na unidade de Jacareí (SP). Lá, 78% da energia - 80 MW - é gerada a partir da queima de biomassa e licor negro, que são resíduos do processo produtivo da celulose. 'Vemos a ecoeficiência como um processo virtuoso em termos de custos', diz José Luciano Penido, presidente da VCP.
Energia: O processo produtivo deve buscar eficiência energética e também fontes alternativas, como a geração a partir da queima de resíduos
Matéria-prima: Uso racional, com redução do desperdício
Análise do ciclo de vida: Cálculo do impacto ambiental de um produto, desde a extração da matéria-prima até seu descarte
Resíduos: Menor geração de lixo e destino correto, como o aproveitamento no processo produtivo
(Por Andrea Vialli,
O Estado de S.Paulo, 15/08/2007)