A longa estiagem na Região Norte de Minas Gerais e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, no Leste do estado, levou 40 cidades a decretar situação de emergência. Diante das condições climáticas previstas para os próximos meses, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) estima que pode chegar a 120 o número de municípios com problemas no abastecimento de água, devido à seca.
Numa tentativa de reduzir os transtornos da população, o governo do estado anunciou a liberação de R$ 2,2 milhões para a contratação de caminhões-pipa, segundo decreto publicado no sábado, no Diário Oficial. No entanto, o dinheiro só poderá ser repassado a 15 desses municípios, que já tiveram o pedido de emergência homologado pelo governador. No ano passado, 104 cidades fizeram o decreto e que 88 foram homologados.
Segundo a Cedec, o reconhecimento da situação de emergência depende do cumprimento de uma série de exigências pelas prefeituras, entre elas o preenchimento do formulário de avaliação de danos (Avadan) com um mapa e fotos das áreas atingidas, relatório de atendimento municipal ao desastre e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater), além de prestação de contas da instalação de cisternas doadas pela Cedec, em outubro do ano passado. Com relação ao último requisito, 104 cidades estão em débito com a coordenadoria, já que das 127 que receberam os equipamentos de armazenamento de água, apenas 23 apresentaram a documentação exigida.
“Depois que a situação de emergência é reconhecida, a documentação é enviada a Brasília para que as prefeituras recebam verba federal e os caminhões-pipa do Exército. Mas todas as 40 cidades estão recebendo 100 cestas básicas por mês, desde o início de julho, e cinco equipes de técnicos visitam agora as regiões afetadas para orientar o envio da documentação”, disse o chefe do Centro de Controle de Emergência da Cedec, major Edgar Estevo da Silva.
Numa das cidades mais atingidas pela estiagem, Mato Verde, no Norte de Minas, cerca de 3 mil moradores da zona rural estão sem água e o chefe de gabinete do prefeito, Cristiano Barbosa, admite que nem todas as cisternas foram instaladas. “Apenas alguns equipamentos estão funcionando, porque eles não foram bem-aceitos pela comunidade. Cisterna não funciona aqui, porque ela serve para acumular água, mas aqui não chove”, contou Cristiano. Em Espinosa, na mesma região, as fotos que comprovam a instalação das cisternas serão encaminhadas à Cedec esta semana. “Sofremos com a falta de água para quase 8 mil pessoas e com um prejuízo de R$ 7 milhões nas lavouras. Metade da população rural vive às margens do Rio Verde Pequeno, que já secou, agravando ainda mais a situação”, afirmou o secretário de Agricultura, Marco Aurélio Tolentino.
PrevisãoA estiagem, que já dura 123 dias em cidades como Diamantina e Montes Claros e mais de 100 em Paracatu, ainda não tem previsão de acabar. Segundo o Centro de Climatologia MGTempo/ Cemig/ PUC Minas, podem ocorrer chuvas isoladas, a partir da semana que vem, nas regiões Sul, Leste e Zona da Mata, mas as massas de ar úmidas não devem atuar no Norte, Triângulo Mineiro e Região Metropolitana de Belo Horizonte.
(Por Glória Tupinambás,
Estado de Minas, 14/08/2007)