Apenas no decorrer deste ano, 117 milhões de pessoas em todo o mundo foram vítimas de cerca de 300 desastres naturais, incluindo secas devastadoras na China e na África e inundações na Ásia e na África - num prejuízo total de US$ 15 bilhões. Os números do impacto global das mudanças climáticas foram apresentados na segunda-feira (13/08) pela ONU durante a World Water Week, a conferência mundial sobre água que reúne em Estocolomo, na Suécia, representantes de 140 países e organizações internacionais.
A subsecretária-geral das Nações Unidas e diretora-executiva do programa Habitat da ONU, Anna Tibaijuka, alertou que a oferta de água corre sério risco e que os impactos mais severos deverão ocorrer principalmente nos países em desenvolvimento. Grande parte dos países menos desenvolvidos já enfrenta períodos incertos e irregulares de chuvas, e as previsões para o futuro indicam que as mudanças climáticas vão tornar a oferta de água cada vez menos previsível e confiável.
"Economizar água para o futuro não é, portanto, lutar por um objetivo distante e incerto. As tendências atuais de exploração, degradação e poluição dos recursos hídricos já alcançaram proporções alarmantes, e podem afetar a oferta de água num futuro próximo caso não sejam revertidas", disse Tibaijuka.
A subsecretária-geral da ONU ressaltou ainda que a água vai ser a questão dominante da agenda global neste século. A ONU estima que 20% da população mundial em 30 países já sofra com a escassez de água. Segundo previsões da Unesco, 1,8 bilhão de pessoas podem enfrentar escassez crítica de água em 2025, e dois terços da população mundial podem ser afetados pelo problema naquele ano.
Explosão urbanaO crescimento explosivo das populações urbanas é também causa alarmante da ameaça global de escassez de água no mundo, advertiu Tibajuka. "Neste ano a porcentagem da população mundial que vive em centros urbanos vai pela primeira vez na história ultrapassar os 50%, provocando uma enorme pressão sobre a demanda de água. É preciso acabar com o desperdício de água. Quase a metade da água usada para abastecer as cidades é atualmente perdida devido a desperdício e negligência na manutenção das redes de abastecimento", acrescentou.
Uma das metas do Milênio da ONU é reduzir à metade o número de pessoas sem acesso a água potável e saneamento básico até 2015. Mas a apenas oito anos do cumprimento do prazo, os organizadores da conferência mundial da água alertam que um bilhão de pessoas ainda são afetadas pela falta de água potável, e mais de 2,4 bilhões não possuem saneamento básico.
Durante a conferência, uma delegação brasileira liderada pelo especialista Benedito Braga, da Agência Nacional de Água (ANA), participará da apresentação do projeto de gestão dos recursos da Bacia do Amazonas. Até o final da semana, a World Water Week vai promover 70 seminários e workshops destinados a buscar soluções para conter a ameaça da escassez global de água.
(Por Claudia Varejão Wallin,
BBC, 14/08/2007)