Uma lancha da Guarda Costeira dos EUA ruma nesta semana para o Ártico numa missão cartográfica que vai determinar se parte dessa área pode ser considerada território norte-americano. A lancha Healy inicia na sexta-feira um cruzeiro de quatro semanas cujo objetivo é mapear o leito marinho no cabo Chukchi, um platô submarino que se estende desde a costa do Alasca por cerca de 800 quilômetros em direção ao norte.
É a terceira expedição desse tipo dos EUA -- as outras foram em 2003 e 2004. Cientistas dos EUA disseram que não se trata de uma resposta à missão russa que neste mês fincou uma bandeira no leito marinho sobre o Pólo Norte, nem a um recém-anunciado plano canadense de construir um porto no Ártico. "Este cruzeiro foi planejado por três anos, e já tivemos cruzeiros anteriores. É parte de um programa longo em andamento, não uma resposta direta", disse Larry Mayer da Universidade de New Hampshire, que participará da expedição.
Mas por que bem agora os países banhados pelo Ártico estão se mexendo? Um tratado marítimo da ONU diz que todos os países litorâneos que reivindiquem parte da riqueza mineral submarina do Ártico devem fazer um pedido nesse sentido à Comissão da ONU sobre Limites na Plataforma Continental. Os EUA não participam desse tratado, mas Mayer e Andy Armstrong, cientista da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, esperam que Washington venha a aderir.
A maior parte da área a ser mapeada estará coberta de gelo, mesmo no auge do verão setentrional. Os cientistas usarão uma espécie de sonar para investigar o leito marinho. "Não mapeamos só um único ponto sob o barco", disse Mayer por telefone. "Podemos mapear uma ampla área sob o barco numa resolução relativamente alta." A missão buscará características especificadas no tratado, como o local onde a encosta marinha se transforma num terreno submarino plano, segundo Armstrong.
Países litorâneos têm direito aos recursos existentes no leito marinho de suas plataformas continentais. Pelo direito internacional, um país tem acesso automático a uma faixa de 200 milhas náuticas (370 quilômetros), mas pode ampliá-la dependendo de certos critérios geológicos, segundo nota da Administração Oceânica. O governo Bush quer que o Senado aprove o tratado internacional, o que daria aos EUA os mesmos direitos que outros países na proteção de recursos costeiros e oceânicos.
(Por DEBORAH ZABARENKO,
REUTERS, 13/08/2007)