A popularização de produtos tecnológicos criou um problema que tende a se agravar ainda mais nos próximos anos: a questão do lixo eletrônico. Segundo a organização não-governamental Greenpeace, a cada ano os eletrônicos descartados somam até 50 milhões de toneladas de lixo -- “se a quantidade gerada anualmente fosse colocada em containers de um trem, seus vagões carregados dariam uma volta ao redor do mundo”, compara a ONG ambientalista.
Por isso, a preocupação dos consumidores de tecnologia não deve se restringir apenas à aquisição de novos produtos (confira os dez mandamentos do usuário consciente).
“O usuário deve perceber que tem responsabilidade pelo resíduo que geral. Se não assumirmos essas responsabilidades agora, vamos transferi-las para as gerações futuras, que terão de remediar solos e lençóis freáticos contaminados, provavelmente a custos muito maiores do que aqueles necessários para evitar o problema”, afirmou ao G1 Denise Imbroisi, professora do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB) e especialista no assunto.
Quando são jogados no lixo comum, as substâncias químicas presentes nos eletrônicos penetram no solo, podendo entrar em contato com lençóis freáticos – se isso acontece, substâncias como mercúrio, cádmio, arsênio, cobre, chumbo e alumínio contaminam plantas e animais por meio da água. Com isso, é possível que a ingestão dos alimentos contaminados intoxique os humanos.
“As conseqüências vão desde simples dor de cabeça e vômito até complicações mais sérias, como comprometimento do sistema nervoso e surgimento de cânceres”, explica Antônio Guaritá, químico do Laboratório de Química Analítica Ambiental da Universidade de Brasília (UnB).
Mudança de hábito Para evitar problemas desse tipo, é necessário que os consumidores mudem seus hábitos na hora de comprar e descartar eletrônicos. “Hoje existe um apelo muito grande para que os usuários comprem sempre novos produtos. Mas o aumento do consumo tem impacto direto no aumento do lixo eletrônico”, disse Zilda Veloso, coordenadora geral de gestão da qualidade ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Por isso, a especialista defende que os usuários prolonguem ao máximo a vida útil de seus produtos. Na hora de descartá-los, os eletrônicos devem ser doados (caso ainda funcionem) ou disponibilizados em postos de coleta, para que tenham a destinação adequada.
A Nokia, por exemplo, coleta baterias em suas assistências técnicas autorizadas. A fabricante, que obteve recentemente a melhor classificação no “Guia de Eletrônicos Verdes”, do Greenpeace, mantém esse programa há sete anos. Há dois anos, a empresa também passou a reciclar aparelhos encaminhados pelos consumidores – no total, já foram recicladas 32 toneladas de baterias e 25 toneladas de aparelhos, segundo a companhia. Com base nas dicas de especialistas, o G1 elaborou um guia para os usuários de tecnologia contribuírem com a redução do lixo eletrônico. Confira.
(Por JULIANA CARPANEZ,
G1, 14/08/2007)