“Registramos este ano um dos invernos mais rigorosos desde a existência da nossa associação, ou seja, nos últimos 17 anos, notamos vários problemas junto às nossas colméias”. A afirmação é do apicultor e presidente da Associação dos Apicultores de Venâncio Aires (AVA), Eraldo Müller, ao falar do sofrimento das abelhas, um assunto sério para os apicultores.
Müller aponta diversos fatores para a mortandade de abelhas, como a superpopulação das colméias, que vieram de um outono com temperaturas mais altas, o que tornou necessário alimentar os enxames no inverno. “Do contrário, a morte das abelhas ocorrerá por fome”, alerta Müller. Ele acrescenta que os apicultores que fizeram a colheita de outono vão ter o maior impacto pois a alimentação dos enxames deverá ser em torno de um quilo de suprimento semanal, pois nas caixas não tem comida e no campo ainda não existe nada para coletar.
Outro problema observado e apontado por Müller é o frio e a umidade alta, durante os dois últimos meses. Ele acentua que citou apenas estes três piores fatores aliados a muitos outros que possam surgir como doenças, abandono das caixas e morte de crias. “Podemos resumir que a safra poderá ficar seriamente afetada. Acredito que poderá acontecer uma redução de até 30% ou mais das colméias, fazendo com que haja falta de mel no Estado”, destaca Müller. Ele orienta os apicultores para que façam uma visita periódica as suas colméias, levando a elas um pouco de comida e reduzir o alvado, pois assim, juntos evitarão um impacto maior.
EMATER/RS-ASCAR - Os técnicos do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar dizem que um fenômeno semelhante ao identificado nos Estados Unidos em 2006 preocupa apicultores e pesquisadores do Rio Grande do Sul. A exemplo do que foi identificado no hemisfério norte, conforme os técnicos, as abelhas gaúchas estariam sumindo depois de saírem das colméias para buscar néctar e pólen. “No Estado, o problema intriga produtores de mel há pelo menos quatro anos”, confirmam os técnicos, observando que ainda não há conclusões sobre as causas da mudança de comportamento dos insetos.
Os norte-americanos batizaram o esvaziamento das colméias de desordem do colapso das colônias. Para os pesquisadores, continuam os técnicos, não é descartada nenhuma hipótese, podendo ser até um protozoário que até o ano de 2000 acreditava-se só existir na Ásia. “Em Venâncio Aires ainda não foi constatado este tipo de problema. Nesta época do ano, ou seja, inverno, as mortes de enxames são causadas principalmente por fome”, salientam os técnicos. Para evitar a mortandade das abelhas, os apicultores devem fornecer alimentos de subsistência para as abelhas. Numa emergência para alimentar as abelhas durante o inverno, também pode-se utilizar alimentos mas simples de fazer com mel ou mesmo o açúcar dissolvido em água. “Neste caso, utilize os produtos meio a meio, procurando trocar o alimento em dois a três dias para evitar a fermentação do alimento”, orientam os técnicos.
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Folha do Mate, 14/08/2007)