Pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) identificaram novo foco da maré vermelha no município Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis. Desde sexta-feira, somente mexilhões, segundo o coordenador de maricultura da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), Felipe Suplicy, têm a comercialização e o consumo proibidos na cidade e também em Bombinhas, mais ao Norte, perto de Porto Belo e Itapema.
Os pesquisadores informam que essa mancha vermelha não tende a ser tóxica, porém somente a análise dos populares mariscos poderá comprovar isso. Diferente das ocasiões anteriores, o fenômeno registrado em Governador Celso Ramos desta vez apresenta coloração avermelhada.
- São organismos diferentes. Asmarés ocorridas anteriormente não tinham essa coloração, devido a falta de pigmentação. Esse é um fenômeno característico e estamos procurando registrar para fins didáticos - afirmou o coordenador do Laboratório de Algas Nocivas do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra de do Mar (CTTMar) da Univali, Luis Antônio de Oliveira Proença.
Os pesquisadores ainda aguardam para saber se essa mancha é resultado de uma alga tóxica, ou não. Alertam, todavia, para que pessoas que tenham tido contato com as algas, por meio da maresia ou banho de mar, que fiquem atentas a sintomas como náuseas, vômitos ou dor de cabeça.
Mexilhões são filtradores do marFelipe Suplicy lembra, entretanto, este é um fenômeno absolutamente natural. Os mexilhões são filtradores da água do mar. Logo, eles retêm eventuais toxinas e precisam de alguns dias para depurá-las, o que justifica a proibição do consumo e da comercialização.
- Os próprios maricultores exigem entre si esse manejo responsável. Eles preferem perder uma ou duas semanas de negócios a manchar a imagem da maricultura catarinense - explica.
Reportagens veiculadas na imprensa paulista, contudo, estão prejudicando as vendas. Donos de restaurantes paulistanos, os maiores consumidores fora de SC, estão cancelando pedidos por acreditarem nos boatos de que todo o Litoral catarinense estaria sofrendo da maré vermelha. Apenas o município atingido é temporariamente interditado, pois o fenômeno costuma ser isolado.
A preocupação dos pesquisadores, com esse terceiro evento neste ano, é que o quadro se torne ainda pior para os maricultores da região. Santa Catarina é responsável por 90% do mercado nacional de maricultura, com cerca de 12 mil toneladas, e a preocupação é que queda no consumo afete a economia, especialmente dos maiores produtores: Florianópolis, Palhoça, São José, Governador Celso Ramos e Bombinhas.
- Este é um fenômeno natural, que acontece em todas as partes do mundo, e o monitoramento avançado da produção ajuda a garantir a oferta de produto - destaca Proença.
(Por Celso Ramos,
Diário Catarinense, 14/08/2007)