A Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) avalia quais são as melhores opções para reduzir as emissões e, por conseqüência, o impacto ambiental da termelétrica a carvão São Jerônimo, localizada no município de mesmo nome. A meta está prevista em um termo de ajuste de conduta (TAC) firmado ainda na década passada.
Ontem, integrantes da estatal participaram de audiência pública realizada na Vara Ambiental e Agrária da Justiça Federal para discutir o assunto. O assessor jurídico da presidência da CGTEE, Sérgio Martins de Macedo, informa que o índice de óxido de nitrogênio gerado pelo complexo já foi adequado ao TAC. Ainda neste mês, a companhia deve publicar o edital de licitação para adquirir um equipamento conhecido como filtros de manga, para reduzir a emissão de materiais particulados. O investimento previsto nesse processo é de cerca de R$ 4,5 milhões.
Um problema que será mais difícil de ser resolvido é quanto ao volume de óxido de enxofre. Se a CGTEE preferir adequar-se aos parâmetros exigidos com a compra de um dessulfurizador à cal, o investimento da empresa deverá ser de cerca de R$ 11 milhões. No entanto, a estatal também avalia o uso de um sistema para, a partir dos gases de enxofre, produzir o fertilizante sulfato de amônia. Outra possibilidade é misturar biomassa (matéria orgânica) com o carvão para diminuir os impactos ambientais.
A escolha do método que será empregado pela CGTEE para reduzir as emissões da termelétrica dependerá de questões como custo/benefício da medida, licenciamento ambiental, condições técnicas entre outros fatores. "Achamos que não é estratégico dentro do mercado fecharmos a unidade e passar uma imagem de que o carvão é algo ruim", admite Macedo. A termelétrica São Jerônimo apresenta uma baixa geração de energia com capacidade máxima para produzir até 20 MW (cerca de 0,5% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul).
A ativista da ONG Núcleo Amigos da Terra Brasil, Kathia Monteiro, acusa a CGTEE de se movimentar para reduzir o impacto ambiental de São Jerônimo apenas porque existe um processo na Justiça que pode implicar o fechamento da usina. "É uma termelétrica de 50 anos e até agora não tinha sido feito nada, o que demonstra a falta de vontade", diz Kathia. A ativista argumenta que as emissões da usina contribuem para agravar doenças respiratórias da população da região. A juíza federal, Clarides Rahmeier, concedeu o prazo de 90 dias para a CGTEE apresentar um relatório sobre as ações que está tomando quanto à usina São Jerônimo.
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JC-RS, 14/08/2007)