A Subcomissão Especial do Congresso destinada a tratar de Questões Fundiárias e Agrárias na Região Amazônica, integrante da Comissão de Meio Ambiente do Congresso, presidida pela deputada federal Vanessa Graziottin (PC do B-AM), começa hoje (14/08) a recolher informações acerca da organização não-governamental Cool Earth, que desde 5 de junho está vendendo nacos da Amazônia pela internet. A meta é investigar a ação financeira da ONG, supostamente ilegal, com ajuda do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O comércio de terras acontece por meio do site http://www.coolearth.org/. Atualmente, 29.107 acres de áreas florestais, o que equivale a cerca de 110 mil quilômetros quadrados da Amazônia, já foram vendidos pela web. Esses territórios representam 65% do total de áreas amazonenses que hoje estão sendo disponibilizadas por meio do site, sendo que os demais 35% das terras à venda são oriundas de áreas do Equador. No Estado do Amazonas, esses territórios são regiões próximas ao Arco do Desmatamento, que abrange a área sul do Estado, onde o desflorestamento é maior. A investigação se dará no sentido de averiguar a titularidade das terras que estão sendo vendidas pela ONG. Pois, de acordo com dados divulgados pela subcomissão, somente pessoas ou instituições com nacionalidade física ou jurídica brasileira podem comprar terras na Amazônia, o que não é o caso da Cool Earth. A investigação será efetuada a partir da suposição de que o milionário sueco Johan Eliasch, dono da empresa de manejo madeireiro Gethal e arrendador de uma área de 160 mil hectares na Amazônia em 2005, esteja agenciando parte dos territórios florestais comercializados no site da instituição.
As áreas do Madeira, no Amazonas, que estão sendo vendidas pelo http://www.coolearth.org/, estão situadas nas comunidades de Ataninga, Democracia e Matauara, em Manicoré (a 333 quilômetros em linha reta de Manaus). Cada acre de terra dessas localidades é vendido a 70 libras (cerca de R$280). Ao internauta com menos recursos, é possível adquirir até meio acre, por 35 libras.
Com a venda da Amazônia pela internet, a Cool Earth estima que poderá ser gerada uma economia de 260 toneladas de carbono, a partir da não emissão de carbono na atmosfera. Todavia, até o momento não foram divulgadas pela prefeitura de Manicoré ações de sustentabilidade na região onde os acres de terras estão sendo vendidos. As populações continuam vivendo por seus próprios meios tradicionais, como caça e pesca de víveres.
Cool Earth em númerosA organização não-governamental (ONG) Cool Earth anunciou anteontem que 29 mil e 107 acres de terras (cerca de 110 mil quilômetros quadrados) amazônicas já estão aptos a ser comercializados pela entidade.
Segundo a instituição, a receita financeira agregada para consumar o ato, até o momento, já chega a 1,89 milhão de libras (cerca de R$ 7,5 milhões), montante o qual foi arrecadado por meio do site.
O projeto proposto pela Cool Earth ressalta que doadores internacionais, individualmente ou em grupo, podem “patrocinar a preservação da Floresta Amazônica” ao preço de 35 libras (cerca de R$ 140), adquirindo meio acre de terras, o que equivale a 2 mil metros quadrados de mata, ou então pagando 70 libras por um acre amazônico.
Cabe ressaltar que o problema da Cool Earth hoje investigado pela “comissão verde” da Câmara nunca começou a ser discutido na Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas. O Partido Verde local, que possui como representante na ALE o deputado estadual Ângelus Figueira, nunca se posicionou sobre o assunto.
(Por Renan Albuquerque,
Amazonas Em Tempo, 13/08/2007)