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desmatamento da amazônia
2007-08-14
As políticas de conservação de florestas reduziram o ritmo do desmatamento na Amazônia peruana, afirma um novo estudo baseado em dados obtidos com satélites de alta precisão. Embora as florestas amazônicas do Brasil sejam as que atraem a maior parte da atenção internacional, os 661 mil quilômetros quadrados de selvas peruanas são reconhecidos como um ecossistema único. Porém, os impactos da atividade humana em toda a região foram mal compreendidos até um estudo divulgado no dia 10, na revista científica Science.

“As reservas florestais e as áreas de conservação do Peru parecem estar funcionando bem”, disse Greg Asner, diretor do Observatório Aéreo da Carnegie Institution of Washington, com sede na Califórnia. O desmatamento e outras alterações das regiões de florestas – corte seletivo, exploração de petróleo e mineração – aumentaram, em média, 127,7 mil hectares por ano, entre 1999 e 2005. Entretanto, apenas 2% ocorreram em áreas protegidas, segundo o estudo de Asner e seus colegas. Por outro lado, os quatro milhões de quilômetros quadrados da Amazônia brasileira perdem entre dois e 2,4 milhões de hectares por ano, e aproximadamente 10% em áreas protegidas.

As razões para menor perda florestal no Peru seriam o isolamento das selvas e as políticas mais eficazes no uso da terra, disse Asner ao Terramérica. O Peru implementou há muito tempo um sistema de permissão de corte, regime que é muito recente no Brasil, acrescentou. Por meio de um sistema via satélite de detecção de alterações florestais, projetado para medir a perda florestal no Brasil, somado ao trabalho de campo, o estudo constatou que 86% de todas as perdas florestais se concentram em dois lugares: na região de Pucallpa, no Departamento de Ucayali, e ao longo de sua rede rodoviária.

As imagens revelam uma grande “infiltração” do corte das áreas autorizadas para as florestas próximas, acrescenta Asner. Embora seja difícil saber com precisão o que está ocorrendo, o especialista suspeita que, quando se permite desmatar uma área, os concessionários e outros atores cortam também as árvores vizinhas. A investigação também mostra que o desmatamento se deve à construção da Autopista Interoceânica, diretamente vinculada a 23% dos danos totais. Os cortadores buscam árvores valiosas, como a caoba (Swietenia macrophylla) que ainda é encontrada em quantidades importantes na Amazônia peruana, disse David Hill, ativista da organização não-governamental Survival, com sede na Grã-Bretanha.

“A ‘lavagem’ de árvores ilegais continua. Pretende-se que a caoba seja cortada dentro das concessões legais, quando, na realidade, procede de fora delas”, disse Hill ao Terramérica. “As concessões de terrenos para o corte legal facilitam as extrações ilegais”, acrescentou. Hill tem dúvidas de que os territórios indígenas concentrem apenas 11% das alterações florestais, como afirma o estudo de Asner. “Há corte ilegal em quatro das cinco reservas autóctones” de comunidades em isolamento voluntário, afirmou.

Estas tribos indígenas se negam a manter contato com o mundo exterior. Freqüentemente, um resfriado ou uma gripe resultam fatais para elas, por não terem estado antes expostas a estas doenças. Os lenhadores ilegais levaram esses males à comunidade nahua nos anos 80, e mais da metade de seus integrantes morreram, recordou Hill. Embora o corte seja a ameaça mais urgente para os povos isolados, a exploração de petróleo e gás também são um problema significativo. No mês passado, a Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana reclamou nos tribunais a proibição da atividade petrolífera nas áreas da Amazônia habitadas por estas tribos. Os indígenas obteriam um grande avanço se conseguissem direitos legais de propriedade sobre suas terras, disse Hill.

Manter as indústrias extrativistas no caminho correto é um enorme desafio para qualquer país. O Brasil quis seguir essa linha durante décadas, sem muito sucesso. “O corte é uma indústria multimilionária no Brasil, e 80% é ilegal, segundo o governo”, disse o especialista em selvas Bill Laurance, do norte-americano Instituto de Pesquisas Tropicais do Smithsonian, com sede no Panamá. O desmatamento diminuiu nos últimos dois anos pela queda no preço internacional da soja e da carne bovina, bem como por uma ofensiva contra o corte ilegal, afirmou Laurance ao Terramérica.

Essa ofensiva aconteceu logo depois do assassinato, em 2005, da monja norte-americana Dorothy Stang, que apoiava camponeses contrários ao corte, no Estado do Pará. Foram presas mais de cem pessoas de uma rede multimilionária de corte ilegal, entre elas 40 que trabalhavam para o Ibama, órgão federal brasileiro de aplicação da lei ambiental, recordou Laurance. Por outro lado, “inclusive Canadá e Estados Unidos têm problemas com o respeito às leis sobre cortes em áreas remotas”, acrescentou. Deter o desmatamento na Amazônia é um enorme desafio. O surgimento de um mercado de carbono oferece esperanças reais para um país como o Brasil que pode obter pagamentos por não cortar árvores e, portanto, reduzir a emissão desse gás causador do efeito estufa, afirmou.

O Brasil é o quarto maior emissor de gases que provocam o efeito estufa por causa do desmatamento. Há pouco tempo o Banco Mundial anunciou um fundo-piloto de US$ 250 milhões para pagar a países tropicais por preservarem suas florestas. Evitar o desmatamento é uma maneira barata e simples de minimizar a mudança climática, e gera benefícios que incluem a preservação dos serviços ambientais e a biodiversidade. Para que funcione esse sistema de compensações, são cruciais os métodos de medição de florestas e de cortes, e a equipe de Asner tem a tecnologia apropriada, disse Laurance. Dados via satélite e análises feitas pelo grupo já haviam revelado maiores proporções de desmatamento no Brasil. E embora as regiões de selva do Peru costumem estar cobertas de nuvens, as novas técnicas e os supercomputadores fornecem soluções.

Para 2008, funcionários do governo, acadêmicos e organizações não-governamentais do Peru poderão atualizar a análise das mudanças florestais por meio de computadores pessoais, graças a um plano de capacitação e a uma versão resumida do programa utilizado por Asner e sua equipe. O pesquisador acredita que o programa pode ser adaptado a qualquer país tropical e o apresentará na próxima fase de negociações do Protocolo de Kyoto sobre mudança climática, que acontecerá em dezembro na Indonésia. “O estudo do Peru mostra que temos uma ferramenta definitiva para detectar o desmatamento e a mudança”, disse Asner.
(Por Stephen Leahy, Terramérica, 13/08/2007)



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