O governo da Bolívia estabeleceu no sábado (11/08), um prazo de dez dias às petrolíferas para apresentarem seus planos de investimento, após as ameaças do presidente Evo Morales de que as empresas podem ficar de fora do negócio caso não invistam o prometido. "Temos outros dez dias para fechar acordos. Caso contrário, vamos tomar decisões", enfatizou o ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, em entrevista à emissora local "Erbol".
Segundo Villegas, os 44 novos contratos de operação assinados com 12 petrolíferas estrangeiras, que entraram em vigor em maio, poderiam ser rescindidos caso as empresas "não cumpram" os investimentos prometidos. Estes convênios, assinados no marco da nacionalização do setor decretada por Morales em maio de 2006, foram assinados com a Petrobras, com a hispano-argentina Repsol-YPF e com a franco-belga TotalFinaElf, entre outras.
Em seu encontro com os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Néstor Kirchner, realizado na sexta-feira na cidade de Tarija (sul), Morales ameaçou retirar os poços nos quais as companhias operam caso os investimentos prometidos nos novos contratos não se concretizem. Kirchner foi firme ao afirmar que bastará "uma ligação telefônica de Morales" para que a Argentina invista nestes campos, caso isto não seja feito pelas multinacionais, e citou especificamente a grande jazida de gás "Margarita", operada pela Repsol YPF.
Respondendo às duras advertências de Morales e Kirchner, a Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos (CBH) pediu em comunicado que sejam destravados os mecanismos para investir no país. "Apesar de as empresas signatárias manifestarem seu desejo de investir, não se pôde avançar muito no processo de implementação (dos contratos)", afirmou a CBH, que reúne as petrolíferas que atuam na Bolívia.
Sem citar a reunião dos três líderes em Tarija, que serviu para concretizar novos acordos energéticos, a Câmara disse que os investimentos de qualquer parte do mundo "são bem-vindos, sempre e quando forem realizados sob regras semelhantes e sem exceções". Os investimentos prometidos por Chávez e Kirchner na Bolívia chegam a mais de US$ 1,1 bilhão.
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Efe, 11/08/2007)