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agroextrativismo
2007-08-10
Em apenas um ano, a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre) conseguiu a façanha de colocar em funcionamento a fábrica de castanha de Brasiléia e hoje já tem 25 clientes de grande porte no Brasil, enquanto negocia o embarque de sua produção para a Grécia e outros países da Europa.

Recupera, dessa forma, a imagem bastante desgastada do cooperativismo no Acre e prova com isso a força da união dos pequenos produtores extrativistas.  Também mostra que está preparada para gerenciar negócios de médio porte e para negociar nos mercados nacional e internacional.

Sempre apoiada ostensivamente pela equipe do Governo da Floresta, a cooperativa, que no ano passado foi a primeira do Brasil a devolver o dinheiro do empréstimo de R$ 1,275 milhão tomado de empréstimo à Companhia Nacional de Abastecimento, vem sendo exemplo no cumprimento de seus contratos e pagamentos tanto a credores quanto associados.

Por isso chegou a hora de “desmamar”, ou seja, cortar os últimos laços de dependência com o governo para tornar-se parceiro no trabalho pelo desenvolvimento agroflorestal acreano.  Além de procedimentos internos, um dos sinais dessa decolagem em “vôo solo” foi, durante a Expoacre-2007, a apresentação de sua nova marca de seus produtos que deixam de ter as duas castanheirinhas para assumir o giro de três folhas em ciranda de vida e movimento permanente.  Imagem simbólica da mudança sem perder a identidade florestana.

“Nossa missão é trabalhar pelo desenvolvimento econômico de atividades agroflorestais sustentáveis dos pontos de vista ambiental, econômico e socialmente justo.  Por isso somos uma cooperativa de comércio e industria de produtos florestais que hoje agrega outras 22 associações e cooperativas dedicadas a atividades extrativistas como a coleta da castanha ou à extração da borracha e do óleo de copaíba que também estamos vendendo para as indústrias”, explica Gerliano Mouzinho Nunes assessor em projetos de comercialização da Cooperacre.

Construção de vitórias
A proposta de formar uma cooperativa que respondesse pela comercialização dos produtos agroflorestais extrativistas passou por várias entidades e todas fracassaram até ser assumida pela Cooperacre, que a exemplo das demais estava mergulhada em dívidas e enfrentava uma série de outras dificuldades.  Um grupo de estudantes recebeu bolsas para que encontrassem estratégias administrativas e financeiras para atingir seu objetivo.

Um deles foi prestigiar o estande e a nova marca visual da Cooperacre, o agrônomo Jorge Fadel, hoje no comando da Secretaria Municipal da Agricultura de Rio Branco (Safra).  Fadel, ainda como estudante da Universidade Federal do Acre (Ufac) foi um dos estagiários que ajudou a enfrentar o desafio de estruturar a Cooperacre para que o setor extrativista tivesse uma “empresa” social a seu serviço.  “Fico muito satisfeito em ver tudo isto funcionando com eficiência.  Para mim, é como a felicidade de pai que vê o sucesso da filha”.

Novos desafios
Por três anos os estudantes e diretores enfrentaram o desafio de reestruturar a cooperativa e, nesse período foram adquirindo experiência para dar novos passos.  Nesse meio caminho, além do incentivo do governo, receberam apoio do senador Siba Machado que intermediou um empréstimo da Conab, a juros de 1,2% ao ano, para a compra da castanha, que era totalmente exportada para as usinas da Bolívia.

Enquanto a cooperativa se estruturava administrativa e financeiramente, Sibá e outros apoiadores da iniciativa negociavam com o governo do Estado a cessão das usinas que já estavam prontas, mas permaneciam fechadas há mais de quatro anos enquanto a castanha acreana ia gerar empregos em fábricas bolivianas.

Mas o descrédito gerado pelos insucessos de outras cooperativas prejudicava a Cooperacre, até que em julho de 2006, no ano passado, o governo resolveu ceder a ela a usina de Brasiléia.  A vontade de vencer era tanta que em menos de 30 dias já colocavam toda a fábrica para funcionar, inclusive com embalagens e caixas levando a marca da cooperativa.

Embora nunca tivessem administrado uma fábrica, aprenderam com os erros para conquistar eficiência.  Assim, de agosto até o início de dezembro conseguiram beneficiar onze mil latas de castanha, que descascadas, produziram 30 mil quilos de amêndoas.

Com as castanhas descascadas, secas e embaladas começou o grande desafio de coloca-las no mercado.  Hoje um ano depois, eles já contam com uma rede de 25 clientes de grande porte no mercado nacional e negociam vendas ao exterior.  “Nossa estratégia foi garantir qualidade e eficiência no processo de industrialização da fábrica, consolidar nossas vendas no mercado nacional para nos capitalizarmos e estarmos prontos para entrar no mercado internacional como estamos fazendo agora”, esclareceu Gerliano.

Da mata para a Europa
Mas o sucesso dessa operação é devida ao trabalho de muitas mãos, a começar pelos pesquisadores da Embrapa que desenvolveram técnicas de manejo capazes de garantir a saúde e uma maior produtividade das castanheiras.  Além disso, processos práticos que a partir do momento da coleta evitam a formação do fungo Aspergilus que infecta a castanha com o veneno Aflatoxína que é capaz de estimular o surgimento do câncer no aparelho digestivo de seus consumidores.  Por causa disso a comercialização da castanha do Brasil chegou a ser proibida em vários países da Europa.

Os técnicos da Secretaria de Assistência Técnica e Extensão Agroflorestal (Seater) e ONGs levaram aos seringueiros as boas práticas necessárias para evitar esse problema, os seringueiros coletam a castanha logo depois de cada vendaval, os ouriços são abertos e as amêndoas levadas para paióis individuais ou comunitários e postos para secar sobre telados.  Secas são transportados para armazéns, também desenvolvidos pela Embrapa, e que foram construídos pela antiga Secretaria da Produção Familiar (Seprof).

Já o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) entrou com o treinamento que estimula a atividade cooperativa entre os seringueiros, além de orientar o pro cesso de comercialização da produção.  Por fim, a equipe da unidade de desenvolvimento industrial do Sebrae criou a nova marca da Cooperacre.

“A implantação das boas práticas fez com que o aproveitamento da castanha se tornasse muito melhor e hoje podemos nos orgulhar de que nossa produção esteja livre da aflatoxína.  Essa qualidade é fundamental para nosso acesso aos melhores mercados do Brasil e do mundo”, esclarece Gerliano.

Crédito na praça
Ao pagarem em dia o empréstimo de R$ 1,273 milhão à Conab, ganharam imediatamente o direito a um novo empréstimo de R$ 1,5 milhão.  Esse dinheiro foi usado para a compra de 120 mil latas de castanha, isso equivale a 1.200 toneladas ou 1.200.000 quilos.

Pelo menos 80 mil latas foram vendidas em casca para as indústrias da Bolívia.  “Precisamos vender a castanha em casca para garantir o pagamento do empréstimo à Conab enquanto ficamos com o restante para beneficiar na fábrica que hoje gera 31 empregos diretos, mais 13 na comercialização e beneficia quase duas mil famílias ligadas às 22 associações e cooperativas que trabalham em rede com a Cooperacre”.

Consciência cooperativa
Além do aprendizado administrativo e empresarial, uma das chaves das vitórias que vem sendo alcançados pela Cooperacre é a de manter sua essência cooperativa, ou seja, os cooperados são mantidos informados de tudo o que se passa em seus negócios através de uma assembléia geral realizada nos dias 28 de cada mês.  Além de analisar relatórios, as lideranças associadas tomam decisões coletivas assumindo a responsabilidade sobre sucessos e erros cometidos.

(Por Juracy Xangai, Página 20, 09/08/2007)

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