Os municípios do sul do Pará, do norte de Mato Grosso e do norte de Rondônia – que fazem parte da área com maior índice de desmatamento na Amazônia – foram os que registraram a maior redução nas derrubadas entre agosto de 2005 e julho de 2006. É o que revelam os números divulgados na sexta-feira (10/08) pelo grupo interministerial responsável pelo Plano de Combate ao Desmatamento na Amazônia.
Segundo o levantamento, que registra o cruzamento de três sistemas de vigilância por satélite da Amazônia, os 20 municípios com maior redução no desmatamento fazem parte da região prioritária de fiscalização. De 8.296 quilômetros quadrados de floresta destruídos em 2005, o índice recuou para 3.283 quilômetros quadrados no ano passado – o que representa uma redução de 60,4%.
“Isso é uma prova de que, com planejamento e esforço integrado, é possível recuperar o controle sobre essas áreas”, avaliou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, que apresentou os números.
Os resultados divulgados na sexta-feira (10/08), porém, revelaram um novo desafio para o governo. A relação dos 20 maiores aumentos entre 2005 e 2006 inclui municípios do Amazonas, Maranhão e Roraima. Apesar de esses estados, juntos, responderem por apenas 11,8% do desflorestamento da Amazônia, os dados apontam que a devastação está se desconcentrando na região.
Conforme os números do grupo interministerial, os 30 municípios que mais desmataram em 2005 destruíram 10.250 quilômetros quadrados de floresta. Em 2006, a mesma área correspondeu às derrubadas provocadas por 309 municípios. “Daqui para a frente, teremos de ampliar a área sob vigilância intensa do governo”, admitiu Capobianco. “Em número de municípios, nosso esforço de controle subiu mais de dez vezes.”
Para o secretário, que também preside o Instituto Florestal Chico Mendes, órgão criado neste ano para fiscalizar as unidades de conservação, o perfil do desmatamento na região está mudando. “Em vez de grandes derrubadas, agora vemos uma série de pequenas derrubadas em uma quantidade maior de estados”, explicou Capobianco. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, os pequenos desmatamentos – abaixo de 50 hectares – responderão por pelo menos 50% do total entre 2007 e 2008.
Capobianco ressaltou, no entanto, que nos municípios onde as derrubadas mais cresceram a taxa de aumento foi bastante inferior à redução observada nos municípios com as maiores quedas no índice. “Enquanto os 20 maiores aumentos somaram 923 quilômetros quadrados, as 20 maiores reduções somaram mais de 5 mil quilômetros quadrados”, destacou.
A recuperação dos preços internacionais de vários produtos agrícolas, como a soja, representará uma dificuldade para o governo – com a rentabilidade maior, os produtores vão querer devastar mais para plantar. “O teste de fogo vai ser agora, mas estou confiante de que nossas ações para reforçar a fiscalização e estimular o desenvolvimento sustentável vão permitir ao governo manter o controle”, admitiu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Também presente à divulgação dos resultados do levantamento, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que ainda não existe temor para que o aumento no cultivo de grãos nesta safra tenha impacto sobre o desmatamento. “A recuperação da soja se dará em áreas que deixaram de ser plantadas nos últimos anos, e não pelo desmatamento”, rebateu.
(Por Wellton Máximo, Agência Brasil, 10/08/2007)