O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, pediu para que as grandes economias emergentes - como o Brasil e a China - assumam compromissos para reduzir as emissões de gases poluentes. "É importante definir objetivos vinculativos, embora diferenciados, para todo o mundo", disse Durão Barroso em uma conferência no Rio de Janeiro.
Ele advertiu que as metas de redução de emissões assumidas pelos países desenvolvidos no Protocolo de Kioto são insuficientes para frear os efeitos do efeito estufa. "O esforço não pode ser apenas europeu ou de outros países desenvolvidos, precisamos que as grandes economias emergentes, como o Brasil e a China, também contribuam", disse Durão Barroso.
Segundo ele, a União Européia (UE) é responsável por 14% das emissões de gás carbônico no mundo - mas, com as metas impostas, cairá para 8% em 2020. "Entendemos que os problemas globais exigem esforços globais e o Brasil tem que ser um parceiro-chave neste campo", declarou. Durão Barroso também convocou o país a adotar compromissos para preservar não apenas a Amazônia, mas também para reduzir as emissões que provocam o aquecimento global.
O embaixador brasileiro para as mudanças climáticas, Sergio Serra, afirmou em julho que o Brasil aceita assumir compromissos mais ambiciosos para ajudar a combater o aquecimento global, mas que não está disposto a aceitar a imposição de metas obrigatórias para reduzir as emissões.
"É importante, por exemplo, que adotemos medidas para aumentar o uso de combustíveis renováveis e para isso é muito necessária a associação estratégica que a UE acordou este ano com o Brasil, que tem uma história de 30 anos de desenvolvimento de tecnologias para a produção de biocombustíveis", acrescentou. Segundo Durão Barroso, a associação entre europeus e o Brasil permitirá o desenvolvimento de novos combustíveis renováveis e a promoção de um mercado mundial para os biocombustíveis que beneficie os produtores pobres, como os países africanos.
No entanto, os produtores teriam que garantir que os biocombustíveis não representarão ameaças para o ambiente, além do desmatamento da Amazônia para o cultivo de cana-de-açúcar. "Se o Brasil garantir que os biocombustíveis são ecologicamente sustentáveis, os mercados europeus ficarão abertos. Porque é óbvio que é preciso substituir os combustíveis fósseis", declarou.
Além disso, o presidente da Comissão Européia afirmou que o acordo estratégico assinado entre UE e Brasil, em julho, é um sinal de confiança da Europa com o Mercosul. "A associação com o Brasil é um sinal de confiança em toda a região. Sabemos que não substitui, mas complementa a relação entre a União Européia e o Mercosul", afirmou. Segundo Durão Barroso, o acordo tende a facilitar as negociações para um tratado de livre-comércio com todos os membros do Mercosul.
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Agência EFE, 10/08/2007)