O governo brasileiro estima que cerca de 9.600 km2 da floresta amazônica desapareceram entre agosto de 2006 e agosto de 2007, uma área equivalente a cerca de 6,5 cidades de São Paulo. Se confirmada a estimativa, a partir de análise de imagens no ano que vem, será o menor desmatamento registrado em um ano desde o início do monitoramento, em 1988, representando uma redução de cerca 30% no índice registrado entre 2005 e 2006.
Ao todo, 14.039 km2, ou quase 9,5 cidades de São Paulo, foram desmatados neste período, índice 25,3% menor do que o registrado entre 2004 e 2005, quando sumiram 18.793 km2 de floresta amazônica. Os dados foram divulgados ontem em evento no Ministério do Meio Ambiente. Além da ministra Marina Silva, estavam presentes a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef e os ministros da Agricultura e da Reforma Agrária, Reinhold Stephanes e Guilherme Kassel, respectivamente.
O monitoramento do desmate é feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que usa dois sistemas diferentes para isso: o Prodes e o Deter. O primeiro, mais confiável, usa satélites que precisam de mais tempo para captar de imagens. Já o segundo, faz isso forma rápida, mas sem conseguir observar desmatamentos de pequena escala.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, esses pequenos desmatamentos representam atualmente cerca de 50% do total. Por esse motivo, o governo só terá no ano que vem o índice real de desmatamento referente ao período 2006-2007. As áreas desmatadas já identificadas pelo Deter neste ano somam 4.820 km2.
FragmentaçãoAs pequenas áreas devastadas são uma nova característica, segundo Marina Silva. Em 2005, os 20 municípios que mais desmataram somaram 8.300 km2. Com a queda da taxa, foi preciso a ação de 95 municípios em 2006 para atingir o mesmo índice. Os números referentes ao período de 2005-2006, baseados no monitoramento do Prodes, mostram que só nos estados de Roraima e Amazonas o índice local de desmatamento subiu, comparado com o período anterior.
Mato Grosso, Pará e Rondônia, estados com os mais altos índices de desmatamento, apresentaram queda, mas continuam liderando a lista. Mato Grosso, entretanto --que até 2005 estava no topo do ranking- reduziu seu índice em 39,36% no ano de 2006, de 7.145 km2 para 4.333 km2. Com isso, foi ultrapassado pelo Pará, que viveu uma queda de 4,48%, de 5.763 km2 para 5.505 km2. Rondônia, por sua vez, reduziu seu índice de desmatamento em 36,22%, de 3.233 km2 para 2.062 km2. O esforço para reduzir o desmatamento é conduzido pela Casa Civil e conta com a participação de 13 ministérios, afirma Marina Silva.
Com a redução do desmatamento entre 2004 e 2006, "o Brasil deixou de emitir 410 milhões de toneladas de CO2 [gás do efeito estufa]. Também evitou o corte de 600 milhões de árvores e a morte de 20 mil aves e 700 mil primatas", disse. "Essa emissão representa quase 15% da redução firmada pelos países desenvolvidos para o período 2008-2012, no Protocolo de Kyoto." Para Dilma Roussef, "o Brasil é um dos poucos países do mundo que tem a oportunidade de implementar um plano que protege a biodiversidade e, ao mesmo tempo, reduz muito rapidamente seu processo de aquecimento global."
(Por FELIPE SELIGMAN,
Folha de S.Paulo, 11/08/2007)