Depois da Rússia, o Canadá entrou na disputa pela soberania sobre o Ártico, uma região rica em petróleo e gás natural até hoje poupada, em grande parte, da exploração humana. O país construirá duas instalações militares (um centro de treinamento do exército e um porto de águas profundas) na região, em uma tentativa de insistir no controle sobre a área disputada. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, em Nunavut, na Baía Resolution - 595 quilômetros ao sul do Pólo Norte - , apenas uma semana após a Rússia, simbolicamente, ter feito uma reivindicação de soberania sobre parte da área, ao mandar navios e submarinos à região.
O território ártico que a Rússia reivindica não é a mesma área exigida pelo Canadá. Cinco países - Canadá, Rússia, EUA, Noruega e Dinamarca - competem para assegurar direitos de exploração do fundo do Oceano Ártico, onde, segundo um estudo feito pelo Instituto de Geologia dos EUA, estão 25% do petróleo e do gás ainda não descobertos no mundo.
Navios canadenses vigiarão a Passagem NoroesteA visita de Harper foi planejada durante meses, mas ganhou mais importância após a expedição russa. Os submarinos russos navegaram no Ártico e plantaram no fundo do mar uma bandeira de titânio. Harper disse que as instalações militares ajudarão na reivindicação sobre o território e sobre as reservas naturais da chamada Passagem Noroeste - uma área disputada, nesse caso, por EUA, Japão e União Européia.
Na semana passada, o premier declarou que o Canadá construirá de seis a oito navios para vigiar a Passagem Noroeste, que os EUA insistem que não pertence ao Canadá. O embaixador americano David Wilkins criticou a promessa de Harper de defender o Ártico. Segundo ele, as águas dessa área são "neutras". A disputada Passagem Noroeste liga o Atlântico ao Pacífico e permitia a navegação apenas durante parte do verão. Até recentemente ficava coberta pelo gelo no resto do ano.
Em decorrência do aquecimento global e do derretimento de gelo, agora já é navegável durante quase todo o verão. Além de ter reservas naturais no fundo do mar, a passagem, se usada, permite que navios mercantes que fazem a rota entre a Europa e a Ásia economizem 3.990 quilômetros, em comparação à rota feita pelo Canal do Panamá.
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Zero Hora, 11/08/2007)