Líderes de nove etnias do Parque Indígena do Xingu, localizado no nordeste do Mato Grosso, estão circulando uma carta em que protestam mais uma vez contra a construção de hidrelétricas, a derrubada da floresta e o uso descontrolado de agrotóxicos na região das cabeceiras do Xingu. A maior parte das nascentes do rio está fora da Terra Indígena e em uma área em processo acelerado de uso e ocupação do solo. Já há alguns anos, os índios vêm se manifestando contrariamente à construção de hidrelétricas na região.
Denominado Carta Aberta dos Povos Xinguanos à Nação Brasileira, o documento foi elaborado durante um encontro entre várias comunidades do Parque ocorrido na aldeia Ipatse, do povo Kuikuro, em julho. O texto cobra a paralisação imediata da construção de todas as barragens na região dos formadores do Xingu, uma moratória para as licenças de novas obras, o reconhecimento e a preservação de locais sagrados que estão fora dos limites da TI, entre outros pontos.
Existem pelo menos nove Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) previstas ao redor do Parque. A Paranatinga II, no Rio Culuene, município de Paranatinga, já está pronta e foi alvo de uma intensa disputa judicial entre a empresa responsável, a Paranatinga Energia SA, e as comunidades indígenas. A obra chegou a ser paralisada algumas vezes. Os índios alegam que a usina vai prejudicar a migração dos peixes, sua principal fonte de alimento, e que a barragem vai alcançar alguns de seus sítios sagrados. Reclamam ainda do desmatamento das matas ciliares, que já chegou a 300 mil hectares na região e é responsável pelo assoreamento dos cursos de água.
Confira a carta das lideranças indígenas.
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ISA, 06/08/2007)